Tratando um tema espinhoso
como a morte através da polêmica da eutanásia, o singelo La Vanité é um filme de humor negro bastante sensível. O realizador
Lionel Baier dirige e co-roteiriza, ao lado de Julien Bouissoux, um filme de apenas
uma hora e quinze minutos de duração que opera pela lógica de uma montagem
teatral com poucos personagens em cena e, basicamente, um único cenário. O
filme traz a história de um homem doente que resolve contratar os serviços de
uma agência especializada em eutanásia através de uma de suas funcionárias. Tudo é marcado em um hotel de beira de estrada e, em meio a
confissões e inventários das suas próprias vidas, os dois resolvem chamar um
jovem garoto de programa, que atendia alguns clientes no apartamento ao lado,
para ser testemunha do ato.
Em seu breve conto, Lionel Baier
quer tratar sobre a vida e sobre aquilo que dá sentido a mesma. O cineasta
conta com a presença de atores do calibre de Patrick Lapp e Carmen Maura e nos
agracia com a espirituosa interpretação de Ivan Georgiev, interessantíssimo como o
garoto de programa Treplev. O que é notável no resultado de La Vanité é que apesar de, como já
mencionado, o filme funcionar sob uma lógica teatral, o realizador não usa
isso como desculpa para se isentar da utilização consciente e inventiva da
gramática cinematográfica, trazendo planos curiosos e fazendo da sua câmera uma
poderosa ferramenta narrativa sempre em prol da temática que ele mesmo
intenta explorar com seu roteiro. Um trabalho, no mínimo, curioso.
La Vanité, 2015. Dir.: Lionel Baier. Roteiro: Lionel Baier e Julien Bouissoux. Elenco: Patrick Lapp, Carmen Maura, Ivan Georgiev, Adrien Barrazzone, Nina Theron, Pierre-Isaie Duc, Monique Kramer, Stephanie Blanchoud. Supo Mungam, 75 min.
Assista ao trailer:
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