Baseado em uma HQ de Jacques Tardi, o mesmo responsável pelo material que deu origem ao filme As Múmias do Faraó, a animação Abril e o Mundo Extraordinário é ambientada em uma hipotética França de 1941 assolada por um atraso tecnológico decorrente das ações do governo contra cientistas, que pouco a pouco foram desaparecendo do mapa. Obstinada a procurar os pais, que têm o mesmo destino dos seus colegas pesquisadores, a jovem Abril não sabe, mas guarda uma poderosa informação que pode mudar o curso da humanidade. Junto com o gato Darwin e o novo amigo Julius, a garota deve reencontrar o avô, driblar a guarda do "império" e colocar as coisas de volta ao eixo.
A animação de Christian Desmares
e Franck Ekinci é marcada por um cuidado e muita personalidade no traço do seu
universo e dos seus personagens, o que tem sempre um efeito interessante em
tempos de banalização da técnica do 3D nesse nicho de produção. A animação em 2D consegue construir com muita delicadeza seus cenários
retrô futuristas, recriando Paris em
detalhes criativos que no saldo fazem toda a diferença quando a gente
vai avaliar nossa experiência espectatorial após a sessão. Como narrativa, o
longa funciona para todas as gerações, ainda que em momentos específicos pareça
dialogar com os pequenos apenas ou com o público adulto em específico. De uma maneira geral, no entanto, os realizadores conseguem
encontrar um equilíbrio interessante no diálogo com os diversos espectadores que o
filme acaba atraindo e lida, pontualmente, muito bem com temáticas
interessantes e sempre pertinentes nesse tipo de material, a "distopia": a importância dos
avanços científicos na sociedade, mas também a urgência da imposição de limites aos
mesmos.
Avril et le monde truque, 2015. Dir.: Christian Desmares e Franck Ekinci. Roteiro: Frank Ekinci e Benjamin Legrand. Vozes de: Marion Cotillard, Marc-André Grondin, Phillipe Katerine, Jean Rochefort, Olivier Gourmet, Bouli Lanners, Anne Coesens. Bonfilm, 105 min.
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