O Caseiro surge no panorama do cinema brasileiro como um tipo de produção que tem sido, aos poucos, mais frequente no circuito, o filme de suspense/terror. É um tipo de iniciativa que é sempre louvável por diversificar a produção cinematográfica do país, oferecendo novos nichos de possibilidades criativas para realizadores, mas também fazendo com que o público tenha acesso a uma cartela mais variada de títulos nacionais. É uma pena que, ainda que tenha os seus pontos altos, O Caseiro não resulte em um filme tão satisfatório assim em uma avaliação final.
No longa, Bruno Garcia interpreta um professor de Psicologia que estuda fenômenos paranormais. Após uma de suas aulas na Universidade, ele é requisitado por uma aluna que pede a sua ajuda na resolução de um caso envolvendo aparições sobrenaturais em sua família. O caso em questão tem a irmã da jovem como peça central, trata-se de uma garota constantemente assombrada pelo fantasma de um caseiro que se suicidou na propriedade da família. Após anos sem atender pacientes em casos desse tipo, o professor aceita a incumbência da jovem, sendo desafiado pelos estranhos fenômenos vivenciados na casa.
Dirigido e roteirizado pelo jovem cineasta Julio Santi, O Caseiro é um longa marcado por boas ideias e alguns interessantes movimentos de execução: a história envolvendo o fantasma do caseiro é original e instiga, além disso, o realizador faz um uso muito pertinente dos seus cenários e de elementos como fotografia, montagem e luz, ainda que muitas vezes o resultado não seja tão satisfatório assim na criação da tensão. O problema do filme é que ele não desenvolve determinados aspectos a contento. Apesar de oferecer uma trama que parece promissora dentro do gênero ao qual se vincula, O Caseiro não consegue surpreender o espectador em suas reviravoltas e revelações. A todo momento, o público consegue se antecipar na resolução dos grandes nós da sua trama, estando à frente até mesmo dos seus personagens, que, ocasionalmente, funcionam sob uma lógica letárgica de raciocínio, algo que é estranho e, por vezes, até incomodo. Na condução da sua câmera, Santi também não consegue ajustar os pontos frágeis e cegos do seu roteiro, a atmosfera de tensão, em muitos momentos, não é suficiente para gerar as corriqueiras sensações que títulos do seu gênero costumam causar na plateia, mesmo que o cineasta siga, tecnicamente, o caminho certo para tanto, como mencionado no início do texto.
Beneficiado por um elenco acima da média, que inclui os competentes Bruno Garcia e Leopoldo Pacheco, além da sempre maravilhosa Denise Weinberg, O Caseiro é o tipo do filme que tinha tudo em suas mãos para se tornar um grande título, mas tropeça por não conseguir atender às demandas do seu próprio gênero. Ausente do efeito surpresa, a trama do filme torna-se cansativa ao espectador que encontra justificativa para o prolongamento de certas situações. É um filme com intenções louváveis e pontos positivos, mas que também expõe de maneira muito clara as suas fragilidades.
O Caseiro, 2016. Dir.: Julio Santi. Roteiro: Julio Santi e Felipe Santi. Elenco: Bruno Garcia, Leopoldo Pacheco, Denise Weinberg, Malu Rodrigues, Annalara Prates, Bianca Batista, Victória Leister, Pedro Bosnich, João Segall, Fábio Takeo. Europa Filmes.
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