Nie yin yang, 2015. Dir.: Hsiao-Hsien Hou. Roteiro: Hsiao-Hsien Hou, Cheng Ah e Hai-Meng Hsieh. Elenco: Qi Shu, Chen Chang, Yun Zhou, Satoshi Tsumabuki, Dahong Ni, Mei Yong, Zhen Yu Lei, Ethan Juan. Imovision, 105 min.
Premiado na última edição do Festival de Cannes pelo trabalho de direção do realizador Hsiao-Hsien Hou, diretor chinês de filmes como Três Tempos e A Viagem do Balão Vermelho, A Assassina estabelece diálogo com uma extensa linhagem de filmes de artes marciais ao explorar como contexto as tramas de teor conspiratório na corte imperial chinesa do século IX. O longa traz a história de uma jovem treinada desde pequena para se tornar uma exímia assassina. Quando adulta, ela deve cumprir àquilo para o que foi destinada: a execução de um importante líder chinês. Apesar de ser um longa dosado por sequências de artes marciais, o filme de Hsiao-Hsien Hou não usa esse recurso como uma "muleta" da sua história. Existe no diretor uma clara intenção de tornar as suas sequências de ação um detalhe ou mesmo uma ferramenta contextualizadora da sua trama, o que interessa ao realizador são os bastidores do enredo conspiratório e entender de que maneira ele guia a sua protagonista, interpretada com uma pertinente e reveladora discrição pela atriz Qi Shu, que consegue ser emocionalmente contida porém intensa no desenho das motivações e conflitos da sua personagem. Fotografado com poesia por Ping Bin Lee, A Assassina é um longa de estética sofisticada, mas que jamais coloca o seu rigor visual acima de qualquer coisa, ainda que, inegavelmente, exija do público uma dedicação maior em função dos seus silêncios e dos seus muitos subtextos. Ao final, é uma experiência recompensadora, sobretudo se vivida dentro da sala de cinema.
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