Amor por Direito é o tipo de drama que tem toda a embalagem "Supercine", a já tradicional faixa de horário na programação de sábado à noite da Rede Globo para a exibição de filmes. O longa é baseado em uma história real sobre uma batalha pública pela igualdade de direitos que envolve uma personagem com câncer. O tom que o diretor Peter Sollett confere à trama flerta abertamente com os tradicionais dramas lacrimosos baseados em eventos reais e isso não há como contestar. Contudo, existe uma centelha de ativismo na obra que a transforma em um filme importante e emocionalmente sincero ainda que cometa seus deslizes formais. O longa conta a história de uma policial que trava uma batalha pública para que sua companheira possa receber pensão pós-morte após descobrir que é portadora de um câncer em estágio terminal. Amor por Direito é marcado por uma certa construção simplista da sua narrativa através da completa ausência de ambições no terreno da linguagem cinematográfica. O longa é linear, burocrático no percurso que segue ao tratar dos seus temas e até mesmo apela para determinados clichês do gênero e estereotipias na construção de seus personagens, o papel de Steve Carell no filme é um exemplo disso. Contudo, o trio central dessa história formado por Julianne Moore, Ellen Page e Michael Shannon constrói bases tão sólidas e verdadeiras para seus personagens ao longo do filme, que fica difícil não se comover com Amor por Direito e reconhecer que sua força como discurso sobre uma causa cuja luta é necessária está acima de qualquer incomodo com os recursos utilizados pelo realizador ao contar essa história. Existem certos relatos de vida que são tão poderosos estão acima do próprio cinema, Amor por Direito é um desses casos.
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