Quando lançou O Tigre e o Dragão em 2000, Ang Lee fez um dos seus trabalhos mais bem-sucedidos ao reverenciar o cinema de artes marciais com um filme que se apresentava ao público como um imponente épico de ação, mas que também exibia um certo lirismo no tratamento que destinava às relações dos seus personagens e a toda a mitologia oriental que abordava. Desde aquela época falava-se em uma continuação para o longa que venceu quatro categorias do Oscar e esperava-se que esse segundo filme, ao menos, seguisse os elementos que garantiram o sucesso da primeira obra. A Espada do Destino (ou no título original Sword of Destiny), continuação direta da obra de Ang Lee, não segue o caminho do seu predecessor, pelo contrário, aposta em tudo aquilo que o realizador preferiu evitar em 2000 e resulta em um grande fiasco. O filme produzido pela Netflix e dirigido por Yuen Woo-Ping, cujo filme mais conhecido no Brasil é Batalha de Honra, protagonizado por Jet Li e Michelle Yeoh, troca a poesia das sequências de ação coreografadas e a sensibilidade no tratamento dos dramas das suas personagens, sobretudo as femininas, um ponto alto do filme de Lee, por um amontoado de cenas de luta viabilizadas por efeitos de computador que tornam A Espada do Destino um longa completamente banal. Na história, acompanhamos mais uma vez a cobiça pela lendária espada que pertenceu ao mestre Li Mu Bai, porém se no longa de 2000 existia uma impecável sinergia entre os núcleos compostos pelo casal interpretado por Chow Yun-Fat e Michelle Yeoh, a única do elenco original que retorna nessa continuação decepcionante, e a trama da personagem de Zhang Ziyi, aqui o roteirista John Fusco a substitui por um amontoado de personagens e conflitos completamente inócuos e entediantes de se acompanhar. É uma pena que tenhamos esperado dezesseis anos por um filme tão ruim quanto A Espada do Destino que se apropria do legado de uma obra como O Tigre e o Dragão para simplesmente "jogá-lo no esquecimento".
P.S.: Nem mesmo o mandarin, idioma do filme de 2000, é preservado pela continuação, que é inteiramente falada em inglês.
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