Lançado nos EUA no mesmo ano do vencedor do Oscar de melhor filme Spotlight - Segredos Revelados, o longa Conspiração e Poder acaba se tornando alvo de inevitáveis comparações com o título anterior e, infelizmente, traz em si uma das características que erroneamente o trabalho de Tom McCarthy foi acusado por muitos, uma ode ingênua ao jornalismo. Roteirizado e dirigido por James Vanderbilt, o homem por trás do roteiro de Zodíaco, filme de David Fincher de 2007, Conspiração e Poder é baseado no livro de Mary Mapes, vivida no filme por Cate Blanchett, uma ex-produtora do programa 60 Minutes da emissora de televisão norte-americana CBS que foi demitida do quadro de funcionários da empresa após ter sido acusada de produzir uma reportagem com informações inverídicas a respeito do então candidato a reeleição presidencial do país George W. Bush. Enquanto, o longa de Tom McCarthy opta por um olhar controlado sobre o tema do seu próprio filme e seus personagens, James Vanderbilt não economiza em floreios para enaltecer a profissão e seus protagonistas, sobretudo Mary Mapes e o âncora Dan Rather, papel de Robert Redford. Não há problema algum nisso, tanto que os momentos em que McCarthy deixa clara a sua admiração pelos profissionais são muito bem administrados em Spotlight, tudo porque o realizador soube conduzir tudo com muita elegância e uma certa discrição. Vanderbilt, por sua vez, põe uma lente de aumento, exagera na sua trilha sonora, produz diálogos piegas e por ai vai. Para completar, em seu discurso, Conspiração e Poder tem claramente uma bandeira democrata e se equivoca ao negar seu envolvimento com inclinações politicas, quando ganharia mais se as declarasse abertamente e quando fica mais do que evidente a ideologia e as intenções do cineasta (claro, esta questão está no cerne da discussão em torno da matéria produzida por Mapes, então, talvez, na cabeça dos envolvidos, seria desrespeitoso ir em direção a esse raciocínio). De um filme sedutor, porém vacilante como este de Vanderbilt, o que se impõe mesmo é a poderosa interpretação de Cate Blanchett, que encabeça um elenco bem interessante formado por Robert Redford, Dennis Quaid, Topher Grace e Elisabeth Moss.
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