Vencedor do prêmio de uma mostra especial no Festival de Veneza do ano passado, Boi Neon é o mais recente filme de Gabriel Mascaro, o mesmo de Ventos de Agosto e do documentário Doméstica. O longa traz o ator Juliano Cazarré como um vaqueiro que nutre o sonho de tornar-se costureiro. Sem muita panfletagem, o filme de Gabriel Mascaro acaba rompendo naturalmente com tabus ao apresentar personagens que fogem dos papeis e dos estereótipos sociais que costumam ser associados, sobretudo o protagonista Iremar, vivido com suavidade por um inspirado Juliano Cazarré, e a menina Cacá, de Alyne Santana, uma garota apaixonada por cavalos. Mascaro mostra-se inventivo na condução do seu filme e completamente avesso a cartilhas narrativas, ainda que o longa opte por um certo naturalismo, o que não deixa de ser uma cartilha. Diferente do que fora alardeado desde o seu lançamento, não sei se Boi Neon é a obra-prima que a crítica anda levantando, mas certamente é um dos filmes mais interessantes da recente safra nacional. Vale o desempenho do seu elenco, auxiliado pela sempre competente preparadora Fátima Toledo, e pela constante disposição que o diretor Gabriel Mascaro tem de surpreender o público com o seu olhar sobre o universo retratado pelo filme e sobre os seus personagens.
COMENTÁRIOS