Ron Howard é um diretor que não tem muitos "rapapés" para contar as suas histórias. Diretor de Uma Mente Brilhante e Apollo 13, o vencedor do Oscar opta sempre pelo american way ao narrar suas tramas com a grandiloquência e a lacrimosidade de um clássico da old Hollywood. Tudo é muito vintage na carreira do realizador. E quando Howard propõe fazer isso sem maiores subterfúgios consegue um resultado bem interessante em seus filmes, é o caso do recente No Coração do Mar que narra a jornada da tripulação do baleeiro Essex que inspirou Herman Melville a escrever o clássico Moby Dick. No longa, o navio é naufragado após o ataque de uma baleia cachalote e toda o grupo de marujos fica à deriva aguardando o dia em que serão resgatados ou morrerão de fome e sede. Ron Howard explora muito bem o espetáculo que reside na história do Essex, tornando No Coração do Mar um dos melhores longas em alto mar desde Mestre dos Mares, de Peter Weir. É bem verdade que a dinâmica entre os personagens é rasa, sobretudo a rivalidade entre dois de seus protagonistas, Chris Hemsworth e Benjamin Walker, primeiro oficial e capitão da embarcação, respectivamente. Contudo fica evidente que dramaturgicamente as coisas permanecem na superficialidade por opção do próprio Howard que acolhe abertamente a condução de uma fita de puro entretenimento. Howard ainda traz uma ponta de reflexão sobre a relação do homem com a natureza, mas no fundo quer inserir o espectador em uma experiência audiovisual inclinada para o espetáculo. O resultado é bem recompensador.
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