Co-produção EUA e Chile, o filme Os 33 sofre do mal que algumas obras ambientadas na América Latina são vítimas em tempo de globalização de culturas. O filme transforma o dramático resgate dos 33 mineiros soterrados no Chile em 2010 num mexidão melodramático globalizado com direito até à escalação do espanhol Antonio Banderas, do brasileiro Rodrigo Santoro e da francesa Juliette Binoche para encarnarem personagens chilenos que falam inglês (!!!!). O longa dirigido pela mexicana Patricia Riggen demora a decolar e até demonstra uma certa ineficiência da diretora na condução de sequências de "ação", já que toda a cena do soterramento é confusa e sem ritmo algum. Com problemas de ritmo em seus minutos iniciais e com todos os defeitos que citamos no início, Os 33 ainda tem momentos bons. Riggen tem o benefício de narrar uma história emocionalmente engajada, com dramas humanos simples e envolventes baseados em eventos que todos nós acompanhamos e nos emocionamos. A história por si só tem a sua força. Ter Banderas, Santoro ou mesmo Binoche no elenco não traz nenhum benefício ao filme, já que é uma história na qual o coletivo conta mais do que um desempenho individual. Portanto, é na força do drama verídico que Riggen encontra a salvação do seu filme e atenua certos "micos" como, por exemplo, o fato de todos os personagens do longa falarem inglês quando são todos chilenos. Claro que as razões são óbvias, evitar qualquer entrave do filme com as plateias estrangeiras, sobretudo a norte-americana, mas não deixa de ser, no mínimo, esquisito para quem é latino-americano e sabe que brasileiros, espanhóis e chilenos não são a mesma coisa e que a língua oficial do Chile não é a mesma dos EUA.
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