Foi extremamente difícil para o espectador acompanhar após a ação ritmada e enérgica de Jogos Vorazes e Jogos Vorazes - Em Chamas, a atmosfera anestesiante, bucólica e sombria de Jogos Vorazes - A Esperança: Parte 1. A Esperança: Parte 1 sofre de inegáveis falhas inerentes a essa "modinha" dos estúdios de dividirem o último capítulo de uma saga em duas partes. O principal dos problemas de A Esperança: Parte 1 (assim como Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, por exemplo) é que o filme tem uma série de cenas absolutamente dispensáveis que fazem com que o núcleo dramático da trama demore de ser acessado pelo espectador. Ainda assim, é preciso ponderar que A Esperança: Parte 1 apresenta ao público da franquia uma drástica mudança de tom e certamente isso causou um certo estranhamento nas plateias. É preciso reforçar, no entanto, que a mudança de tom é necessária e pertinente nesse momento em que a jornada de Katniss Everdeen se encontra. Há um certo esgotamento emocional que circula em A Esperança: Parte 1 que condiz com os resultados psicológicos que os jogos deixaram em personagens que antes, mesmo diante de uma realidade tão opressora, conseguiam ainda esboçar uma certa vivacidade em suas relações. Jogos Vorazes - A Esperança: O Final coloca um ponto final (em se tratando de Hollywood, a gente nunca pode garantir isso) bastante coerente com a jornada que caminhamos até aqui. A atmosfera do filme é bem parecida com a de A Esperança: Parte 1 e o que temos ao fim da jornada não é um desfecho apoteótico, mas sóbrio e bastante satisfatório. A trama política do longa tem ótimos momentos, principalmente aqueles protagonizados pelo Presidente Snow de Donald Sutherland (maravilhoso até o último momento) e pela dúbia Alma Coin de Julianne Moore. Segurando as pontas da história como fazem desde o primeiro filme, os jovens Jennifer Lawrence e Josh Hutcherson confirmam-se como a força-motriz da franquia na pele de Katniss Everdeen e Peeta Mellark, respectivamente. O diretor Francis Lawrence está longe de ser tão interessante quanto o realizador do primeiro filme Gary Ross, mas não chega a prejudicar a sua narrativa. A Esperança: O Final até sofre do excesso de momentos dispensáveis que prejudicou tanto A Esperança: Parte 1, o que me faz pensar que teria sido bem melhor transformar A Esperança em um único filme, mas o saldo é bem positivo e agradará afetivamente aos fãs da franquia.
P.S.: É de se lamentar que Francis Lawrence e os envolvidos em A Esperança: O Final não tenham encontrado uma solução melhor para suprir a lacuna deixada por Philip Seymour Hoffman após a sua morte. Os mais espertos perceberão que algumas cenas foram improvisadas por não poderem ser filmadas com o ator. É o caso, por exemplo, da cena em que o personagem de Woody Harrelson lê uma carta de Plutarch para Katniss. Hoffman morreu em 2014 e o filme só estreou em 2015, não dava para ter pensado em algo melhor para solucionar esse problema não?
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