A Floresta que se Move é uma leitura contemporânea de uma das mais aclamadas obras de William Shakespeare, Macbeth. Investigando a fundo aquele que talvez seja um dos mais sinuosos ímpetos humanos, a ambição, A Floresta que se Move traz a história de Elias, um funcionário de uma importante instituição bancária particular instigado pela profecia de uma bordadeira que encontra ao acaso na rua. Ela acaba lhe revelando que ele um dia será o presidente da empresa. A profecia da mulher é o suficiente para que a esposa de Elias, a marchand Clara, comece a arquitetar um plano para apressar a alavancada da carreira do marido na empresa. Fica claro que Elias, interpretado por Gabriel Braga Nunes, é o nosso Macbeth e que Clara, vivida por Ana Paula Arósio, é Lady Macbeth. A direção de Vinicius Coimbra é soturna e bastante interessante ao explorar metáforas visuais e recursos cênicos em prol da construção de sua história. A Floresta que se Move acerta ao preservar a essência da obra de Shakespeare, expondo um retrato sincero e assustador sobre aquilo que somos de fato caso não fôssemos controlados pela ética ou pelo medo de ceder a instintos bárbaros. Ao dissecar as reverberações das ações dos seus protagonistas, consumidos por uma culpa que é a própria punição para os seus atos na Terra, A Floresta que se Move se aproxima dos seus propósitos. Tanto Gabriel Braga Nunes quanto Ana Paula Arósio dão conta do recado maravilhosamente bem (fora o elenco de coadjuvantes composto por Nelson Xavier, Ângelo Antônio e Fernando Alves Pinto que não ficam atrás). Talvez o filme dê uma "bola fora" ao conceber uma trama policial pouco plausível para os tempos atuais. Como a proposta do projeto não é apresentar-se como exemplar do gênero policial, algumas escorregadas do roteiro podem passar despercebidas sem maiores problemas.
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