Aliança do Crime nos traz a história verdadeira de James "Whitey" Bulger, um criminoso de Boston conhecido por seus atos violentos e por ter conseguido fazer uma carreira relativamente longeva no crime graças a sua atuação como informante do FBI. Toda conversa gerada em torno de Aliança do Crime tem girado em torno da interpretação de Johnny Depp na pele do criminoso James "Whitey" Bulger, um desempenho que pode fazê-lo retornar ao Oscar após oito anos da sua última indicação (Sweeney Todd). Com uma maquiagem carregadíssima e completamente artificial, nem posso dizer que consegui vislumbrar os esforços dramáticos de Depp. O diretor Scott Cooper, de Coração Louco (filme que rendeu o Oscar ao ator Jeff Bridges em 2010), e os roteiristas Mark Mallouk e Jezz Butterworth se esforçam tanto em evidenciar o trabalho do ator que a presença dele e, consequentemente, do próprio "Whitey" Bulger é um entrave no desenvolvimento da própria história. Depp surge calvo, com dentes amarelados e lentes de contato azul, há inúmeras cenas evidenciando a natureza doentia da violência do personagem, suas paranoias e métodos nada tranquilos de persuadir os demais personagens... Em meio a esse redemoinho gerado em torno da figura de Bulger, um dos desempenhos mais comedidos e lúcidos da carreira de Depp, que andava entregue demais a tipos esquisitos em composições hiperbólicas, acaba ficando comprometido. Nesse cenário caótico, os coadjuvantes de Aliança do Crime ganham destaque em interpretações que por não ganharem um excessivo holofote dos realizadores acabam sendo brilhantes, é o caso de Peter Sarsgaard na pele de um dos delatores de Bulger viciado em drogas ou de Julianne Nicholson, maravilhosa em uma cena na qual a sua personagem, a esposa do policial do FBI vivido por Joel Edgerton, é "levemente" ameaçada pelo personagem de Depp. Não que Johnny Depp não esteja muito bem no filme, mas a impressão que fica é que todo o longa gira em torno do enaltecimento do seu próprio trabalho e isso acaba prejudicando a própria performance do ator, que recebe um personagem com grandes picos dramáticos, porém carente de uma interação maior entre os seus atos e o que está ao seu redor.
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