Interessante notar que enquanto o assunto do momento em Hollywood é o raro e volumoso número de histórias protagonizadas por mulheres em 2015, poucos são os veículos que reparam que todas estas atrizes em evidência por lá estão na casa dos seus 20 anos: Jennifer Lawrence, Brie Larson, Alicia Vinkander, Rooney Mara... Enquanto o cinema norte-americano ainda parece negar espaço à maturidade, sobretudo a maturidade feminina, a Europa está anos luz à frente. Não são poucas as atrizes europeias com mais de 40 anos que conseguem construir carreiras longevas protagonizando filmes que lhes proporcionam personagens complexas, multifacetadas. 45 anos é um exemplar disso nos oferecendo uma interpretação soberba da veterana Charlotte Rampling. O filme é dirigido pelo inglês Andrew Haigh que conduz com sobriedade a história de um casal prestes a completar 45 anos de casamento. As comemorações são abaladas com uma notícia sobre o passado do protagonista masculino e a partir daí Haigh trabalha com a ideia de que esse matrimônio possui significado e foi construído com bases diferentes por cada um dos cônjuges. O ponto alto do filme é a parceria da dupla de protagonistas, tanto Charlotte Rampling quanto Tom Courtenay estão ótimos em cena. Claro que há um destaque para a interpretação de Rampling na medida em que sua personagem começa a desvendar os segredos guardados durante anos por seu esposo. Contida e atenta ao redemoinho de emoções contraditórias vividas por sua personagem, Charlotte Rampling é um show à parte em 45 anos.
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