Na filmografia recente de Meryl Streep, Ricki and the Flash - De volta pra casa está em algum lugar entre Um Divã para Dois (talvez um dos filmes mais subestimados da filmografia da atriz preferida de 9 em cada 10 cinéfilos) e Simplesmente Complicado (comédia comercial bobinha e levemente esquecível de Nancy Meyers). Resumindo, Ricki and the Flash é um filme redondinho e um bom entretenimento, mas não é um longa a ser incluído entre os trabalhos mais memoráveis da atriz. No filme, Streep interpreta Ricki, uma ex-dona de casa que deixou tudo para trás a fim de realizar o sonho de tornar-se uma grande cantora. A carreira dela não emplaca após o lançamento do seu primeiro e único disco, mas Ricki está feliz com a sua vida mesmo completamente endividada e sofrendo com a indiferença e a mágoa dos seus filhos. A vida de Ricki dá uma sacudida quando ela recebe a notícia do divórcio da sua filha e retorna ao seu antigo lar com o intuito de reanimá-la. A direção de Ricki and the Flash é de Jonathan Demme, que aqui não apresenta uma condução tão vigorosa e presente quanto àquelas de O Silêncio dos Inocentes ou O Casamento de Rachel, realizando uma comédia convencional cujo pilar é a própria protagonista vivida por Meryl Streep. Isso poderia ser um problema, como ocasionalmente é no caso de Streep, afinal, um filme é formado por muito mais do que um solo de atuação. No entanto, no lugar de um over acting, o que vemos é a atriz entregar-se a uma personagem que a despeito do visual descolado é extremamente humana, uma mulher de carne e osso, ou seja, um tipo de personagem que é sempre mais desafiador para Streep. Sem grandes pretensões e com uma performance mais relaxada da imbatível Meryl Streep, Demme faz um filme sobre a tolerância nas relações humanas, em específico, nas relações familiares sempre marcadas por mágoas e pela dificuldade de aceitação do diferente.
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