Em A Pele de Vênus, Roman Polanski apresenta os atores Emmanuelle Seigner e Mathieu Amalric na pele de uma atriz e um diretor de teatro que testam suas respectivas posições de dominação nas esferas da questão de gênero e de criação artística. Simplificando a sinopse do longa, trata-se de uma história ambientada em um único espaço, um teatro no qual um dramaturgo testa uma candidata ao papel principal da sua peça. Em meio ao fetiche da "musa do criador" e a própria dinâmica de ensaio, Polanski centra a atenção do seu filme no desempenho da sua dupla de atores que demonstra muita versatilidade, entrosamento e comando das difíceis demandas que o texto repleto de nuances, camadas e reviravoltas psicológicas e filosóficas demandam, especialmente Emmanuelle Seigner, espetacular como Vanda. Não esperem ver em A Pele de Vênus um grande poder interventivo do cineasta Roman Polanski. Segundo filme consecutivo do diretor a usar uma peça teatral como base para seu roteiro (o anterior foi Deus da Carnificina de 2011), o diretor faz uma espécie de teatro filmado com a proposital exploração de pouquíssimos recursos eminentemente audiovisuais. Tudo o que se tem em cena são Seigner e Amalric em um jogo de sedução e dominação mútua e isso parece ser o suficiente para o filme ser uma experiência intelectualmente recompensadora.
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