Em Infância, o diretor Domingos Oliveira faz um filme que irrevogavelmente transpira memória. Narrando a história de uma família carioca na década de 1950, Oliveira contrói uma narrativa sobre sucessões que contempla três gerações: uma representada por Dona Mocinha (Fernanda Montenegro), viúva e admiradora fiel de Carlos Lacerda e do seu programa de rádio; os seus filhos (Priscilla Rosenbaum e Ricardo Kosovski), que entre inseguranças e fracassos têm suas vidas são moldadas sob os olhos da matriarca da família; e os netos Rodriguinho e Ricardinho, que com temperamentos completamente diferentes percebem a dinâmica familiar e constroem os seus respectivos lugares no mundo. O olhar de Oliveira para esse breve conto familiar, histórico e sociológico é doce, porém guarda uma perspectiva interessante sobre um contexto de transformações do nosso país, o que é bem interessante. É verdade que Infância, a despeito do seu relativamente curto tempo de projeção, prolonga-se no tempo ou, como preferir, presta atenção em passagens dispensáveis. Ainda assim, o supérfluo mantém um certo charme já que o diretor consegue conduzir muito bem o seu elenco, especialmente os seus jovens atores Raul Guaraná e Lucca Valor, ambos excelentes como os primos Rodriguinho e Ricardinho. Já Fernanda Montenegro, como de costume, está deliciosa na pele da Dona Mocinha.
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