Só o tempo nos responderá se Corrente do Mal de David Robert Mitchell figurará entre as maiores realizações do gênero terror dessa década. O que é certo é que Mitchell fez o que pouquíssimos realizadores de filmes desse tipo conseguiram nos últimos anos: concebeu uma história de dar calafrios e esgarçou todas as possibilidades narrativas que a linguagem cinematográfica oferece ao artista. Com esses dois méritos, Corrente do Mal é um dos exemplares mais interessantes do terror contemporâneo sem sombra de dúvidas, mas acima de tudo uma impecável realização cinematográfica. O filme conta a história de uma jovem que após um ato sexual acaba sendo inserida em uma corrente que a faz ser perseguida por forças sobrenaturais. É claro que toda a trama de Corrente do Mal não é de todo original, o que faz o filme ser uma obra especial é o tratamento dado por David Robert Mitchell a sua história. O longa não desgasta sua relação com o espectador com a produção de sustos artificiais ou o exagerado uso da violência gráfica. Tudo o que Mitchell precisa para fazer uma obra apavorante é a sua câmera, uma trilha sonora muito eficiente de Rich Vreeland e explorar a crescente atmosfera de paranoia que se instala entre os seus personagens principais. Simbolicamente, o longa acaba falando sobre a origem do medo e como ele pode facilmente se propagar entre as pessoas. Cinematograficamente, o longa é uma verdadeira aula de cinema.
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