Jorge Furtado ganhou popularidade com o grande público através de comédias como O Homem que Copiava e Meu Tio Matou um Cara. Desta vez, o diretor gaúcho optou por exercitar uma veia mais "séria" com o drama Real Beleza. O longa conta a história de um experiente fotógrafo chamado João que, entediado e em crise criativa, decide ir para o interior do sul do Brasil em busca de uma modelo de beleza arrebatadora. Ele chega até Maria, uma jovem muito bonita, mas encontra a resistência do pai da garota que não a autoriza a seguir a carreira de modelo. O fotógrafo vai ao encontro dele e acaba conhecendo a mãe da menina, Anita, por quem ele se apaixona. Em Real Beleza, Jorge Furtado estabelece uma interessante reflexão sobre o papel e a verdadeira localização do belo em nossas vidas, algo que, curiosamente, não está nas feições da encantadora Vitória Strada (intérprete da Maria), ou melhor, também está nela, mas não somente nela. Além disso o diretor acaba estabelecendo um jogo interessante entre o "observador" e o artista através do confronto entre o protagonista e o pai da garota. Porém Furtado parece apenas sugerir esses links em sua história, a dinâmica entre os seus personagens é, por vezes, simplificada, além disso o filme é estética e tecnicamente um resultado do trabalho de um diretor que claramente não está no seu momento mais inspirado, salvo um momento aqui ou ali. Há um paralelo interessante do filme com As Pontes de Madison e seu romance entre um fotógrafo aventureiro e a dona de casa solitária. A interpretação sutil de Adriana Esteves e sua parceria com Vladimir Brichta (ótimo) e Francisco Cuoco está entre as melhores coisas do longa.
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