Realizador por trás de filmes como A Lula e a Baleia, Margot e o Casamento e Frances Ha, Noah Baumbach tornou-se uma espécie de Woody Allen da nova geração. Seus filmes são de sua própria autoria, repletos de diálogos afiados ditos por núcleos de intelectuais nova iorquinos neuróticos em meio a alguma crise existencial. Porém, ainda que seja possível estabelecer essa comparação, os filmes de Baumbach equilibram bem sua própria existência com as referências cinematográficas do cineasta. Em Enquanto somos Jovens Noah Baumbach traz como protagonistas um casal de meia idade que sai do eixo quando conhece um jovem casal na faixa dos vinte e poucos anos. Com o filme fica claro que Baumbach quer tratar da forma como somos fascinados, seduzidos e aterrorizados pela ideia da juventude. Os protagonistas interpretados com afinco por Ben Stiller e Naomi Watts estão perdidos com a crise da maturidade e passam a "emular" a rotina dos novos amigos. O resultado é que eles ora se frustram por suas próprias limitações, ora se sentem parte de algo novo ao fugirem dos seus próprios problemas e fracassos pessoais e profissionais. Inconsciente ou conscientemente é como se evitar a própria maturidade significasse colocar para "debaixo do tapete" um projeto de vida que simplesmente não funcionou, uma armadilha tentadora. Em boa parte do filme, Baumbach lida com o tema de forma leve, mas sofisticada. É uma pena que em determinado momento do longa o realizador acabe introjetando certos estratagemas e reviravoltas que soam estranhas dentro da sua própria proposta narrativa e o interesse da história passa a ser o de desvendar a real natureza do fascínio dos jovens pelo casal de "coroas".
COMENTÁRIOS