É difícil para qualquer filme dar conta da tumultuada vida do vocalista e guitarrista do Nirvana Kurt Cobain. Com uma carreira meteórica no início dos anos de 1990, Cobain tornou o grunge, um subgênero do rock alternativo, comercialmente viável. Ao lado de todo este êxito musical, o líder do Nirvana lutava contra os seus demônios internos que só se multiplicavam cada vez que o seu nome era envolvido em escândalos midiáticos ao lado da sua esposa Courtney Love ou a cada instante em que se deparava com o mundo a sua volta e os tipos de seres humanos que o habitam. Enfim, tão distante, mas tão próximo de cada um de nós, tão humano, Cobain cometeu suicídio aos 27 anos, fazendo parte de uma lista de jovens artistas que nos deixaram muito cedo, mas que, de antemão, sabíamos que estavam entre nós somente de passagem. O documentarista Brett Morgen em Cobain - Montage of Heck constroi um interessante relato sobre a trajetória de Cobain seguindo um estilo tradicional de narrativa em biografias, com algumas peculiares decisões que tornam o filme uma experiência bem interessante para iniciados ou não na história do músico. Morgen narra a vida de Cobain em ordem cronológica, utilizando depoimentos de familiares (os pais, a madrasta, a irmã, a ex-namorada, Courtney Love, o baixista Krist Novoselic etc.), além de gravações e entrevistas do próprio músico e, o que é mais interessante, seus diários e gravações pessoais. Assim, mesmo optando por uma narração cronologicamente tradicional. Cobain - Montage of Heck tem o mérito de encontrar diversos formatos em um só, ora concentrando-se nos depoimentos (os mais interessantes são aqueles ilustrados por animações), em outros momento nos diários do seu biografado, em seus desenhos e até mesmo na sua música. Isso tudo permite que o espectador adentre na tumultuada e efervescente mente de Kurt Cobain e tenha uma dimensão do universo do biografado tornando Cobain - Montage of Heck um eficiente retrato de um gênio atormentado.
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