Depois de dez anos do seu último longa de ficção, Árido Movie, o pernambucano Lírio Ferreira retorna aos cinemas com Sangue Azul, um conto sobre a luxúria protagonizado pelos irmãos Pedro e Raquel, papéis de Daniel de Oliveira e Caroline Abras. Na história, Oliveira interpreta um rapaz que retorna à ilha na qual nasceu, mas teve que sair após as suspeitas da sua mãe de que ele e a irmã poderiam ter um caso quando crescessem. Pedro volta ao local como a principal atração do circo Netuno, o homem-bala Zolah. A presença do rapaz na ilha faz renascer a paixão incestuosa entre ele e Raquel, "contaminando" todos os personagens ao seu redor. Esteticamente, o longa é irrepreensível. Dividido em capítulos, Sangue Azul aplica muito bem todos os seus recursos a favor de uma experiência visual e narrativamente na tela grande. A derrapada do projeto de Ferreira talvez esteja no excesso de personagens que acabam rendendo a atores interessantes e renomados apenas pontas apesar dos seus papéis sugerirem que existem muito mais camadas psicológicas do que o próprio filme faz questão de expor. Sangue Azul é muito aplicado e coerente com o percurso que traça, sobretudo por apresentar-se como uma jornada que provoca o seu espectador a todo momento (a cena final com o personagem de Ruy Guerra olhando para a lente da câmera/plateia é emblemática).
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