Um Santo Vizinho é um daqueles candidatos a feel good do ano, aquele tipo de filme que você assiste num sábado a tarde com uma mensagem edificante, preocupações humanistas e uma parceria entre um menino e um senhor, aqui interpretado pelo impecável Bill Murray, no qual o garoto certamente tem muito a ensinar não só a ele como aos espectadores do longa. E assim o filme segue até o seu derradeiro desfecho, leve, agradável, ingênuo... No longa, acompanhamos a amizade entre o garoto Oliver, cujos pais acabaram de se separar, e seu vizinho, o velho Vincent, sua nova babá. Vincent é um homem amargurado por motivos que sabemos pouco a pouco, beberrão, viciado em jogos de azar e frequentador de uma casa de prostituição, o que não impede que sua relação com Oliver o leve à redenção Em linhas gerais e na superfície, o filme de Theodore Melfi é inofensivo e arranca desempenhos surpreendentes na carreira de todos os envolvidos: Melissa McCarthy arriscando com um personagem mais dramático, Naomi Watts quebrando qualquer expectativa na pele de uma prostituta russa grávida (muito interessante o desempenho dela, por sinal) e Bill Murray passando da depressão às consequências de um grave estado clínico. Um olhar mais atento, no entanto, faz a gente perceber que falta coragem a Melfi que segue o protocolo esperado para o desenvolvimento de uma história como essa, até mesmo na construção dos seus personagens que não saem do superficial mesmo quando dados mais relevantes sobre eles são revelados para o espectador. Uma pena, pois elenco para explorar mais essas figuras ele tinha.
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