Se por um lado Entre Abelhas surpreende por sua temática e abordagem, sobretudo se pensarmos que seu roteiro foi co-escrito por Fábio Porchat, egresso de algumas das comédias mais capengas do cinema brasileiro, por outro lado o longa comandado pelo diretor Ian SBF demonstra falta de tato no tratamento dos seus personagens, principalmente os periféricos, e o sexismo dos piores exemplares de nossa filmografia é dominante. Ainda assim, o saldo é positivo e Entre Abelhas é relevante já que funciona como uma alegoria para a solidão e melancolia nas quais mergulhamos após uma perda. No longa esta perda é representada pelo desaparecimento concreto de pessoas da vida do seu protagonista, o editor de vídeos Bruno, interpretado pelo próprio Porchat. Após se separar da esposa, Bruno deixa de ver algumas pessoas da sua vida, mesmo que elas continuem existindo e vivendo as suas vidas. Ainda que busque a ajuda da sua mãe e de um terapeuta, o protagonista não consegue encontrar uma solução para o que começa a tratar como uma doença séria. Porchat surpreende ao sustentar com firmeza o protagonista desse drama e conta com a ajuda da experiente Irene Ravache, que ainda que fique com a ingrata missão de defender uma personagem criada somente para não deixar o filme com uma atmosfera mais down do que já tem faz isso muito bem e com a habitual dignidade que acompanha as mulheres que viveu durante toda a sua carreira.
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