Após ser afastada do emprego para se recuperar de uma crise de depressão, Sandra descobre que os seus colegas de trabalho foram submetidos a uma votação para que escolhessem entre a sua permanência na empresa ou a sua demissão e o ganho de um bônus salarial para todos os remanescentes. O resultado da votação é desfavorável a Sandra, mas ela consegue com o chefe que um novo pleito seja realizado na segunda-feira. Para manter o emprego, a jovem procura os seus dezesseis colegas no intuito de tentar convencê-los a votar a seu favor. Esta é a trama de Dois Dias, Uma Noite, filme simples, realista, mas esperançoso dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne que acompanha todos os passos de uma Marion Cotillard à flor da pele como Sandra. Abordando males cada vez mais frequentes no mundo de carne e osso, os irmãos Dardenne tratam sobre a depressão e o descaso no enfrentamento dela como uma doença no ambiente laboral, que, não por acaso, é um dos principais responsáveis pelo seu surgimento ou agravemento através da absorção nesses locais de metas de competitividade, aliadas a uma conjuntura social, política e econômica dos países cada vez mais angustiante para o trabalhador honesto, que sempre paga a conta de tudo. Assim, aquela que é uma das principais doenças do nosso século vai sendo ignorada e se o sistema está pouco se lixando para isso, resta o refúgio nos familiares, nos amigos e em si mesmo. É isso que Sandra faz e acompanhar toda essa trajetória dessa personagem através da interpretação delicada de Marion Cotillard é um presente fundamental para a narrativa dos Dardenne ganhar consistência, corpo e emoção.
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