Dois dos lançamentos norte-americanos mais certeiros no discurso sobre o lugar da mulher na nossa sociedade foram conduzidos por setentões. Estamos falando de George Miller em Mad Max - Estrada da Fúria e Tommy Lee Jones e seu Dívida de Honra, drama solenemente ignorado na temporada de prêmios americana passada, mas que merece ser visto e reconhecido pelo público o quanto antes. No filme, Hilary Swank vive uma mulher solteira que, em 1854, cruza o país para levar três mulheres que enlouqueceram a um lugar onde possam ser acolhidas. Para tanto ela conta com a ajuda de um homem contratado por ela após ser resgatado de uma tentativa de enforcamento, papel do próprio Tommy Lee Jones. O ponto alto do longa, além da elegante direção de Jones, que nos surpreende e nos envolve do início ao fim com os caminhos e decisões de sua narrativa, e dos impecáveis detalhes técnicos e artísticos do filme, é a interpretação de Hilary Swank. A composição de Swank para a sua Mary Bee Cudy é um dos pontos altos da sua carreira, sendo superado apenas por sua performance em Meninos não Choram, vencedora do primeiro Oscar da atriz. Em Dívida de Sangue, Swank vive uma mulher forte e independente, mas vulnerável e sensível com a sua própria condição e as cobranças do papel social reservado a uma mulher que acaba internalizando. É comovente notar como Swank traça a trajetória dessa personagem sem afetações e tecnicismos, deixando-se levar com naturalidade pela própria história e pelo lugar desta personagem nela.
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