Ao narrar a histórica marcha liderada por Martin Luther King Jr. entre a cidade de Selma e Montgomery, no Alabama, o drama Selma - Uma Luta pela Igualdade, da diretora Ava DuVernay, evita dois equívocos comuns de cineastas com uma queda por tramas baseadas em eventos políticos reais, o pieguismo ou a parcialidade escancarada pela versão do seu protagonista para a sua própria história. Em Selma, DuVernay demonstra elegância como realizadora e não transforma o seu filme, que obviamente dialoga com a sua luta e suas inclinações políticas, em uma obra com gritante tom de manifesto. O mérito de Selma é permanecer sóbrio enquanto narrativa, sem deixar de assumir um discurso, uma bandeira própria ou ganhar contornos de relato emocional e pessoal. A realizadora conta com uma poderosa interpretação de David Oyelowo como Martin Luther King Jr. e um elenco de coadjuvantes bem eficientes como Oprah Winfrey, Carmen Ejogo, Tom Wilkinson e Tim Roth. É uma pena que um longa com a sua dimensão e sua importância tenha sido excluído de algumas das principais categorias do Oscar, daria ainda mais visibilidade a sua mensagem em um momento tão importante dos Estados Unidos. Contudo, a sua ausência trouxe ainda mais fama para si, o que pode ter compensado a maior gafe da Academia em 2015.
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