Birdman ou (A Inesperada virtude da Ingnorância) é um filme sobre a necessidade que temos de sermos reconhecidos pelo que fazemos. Mudando os vetores temáticos do que costumava fazer no cinema com filmes duros e pessimistas que traziam escancaradamente ou em subtextos discursos sociais e políticos, como 21 Gramas, Babel, Biutiful e Amores Brutos, o mexicano Alejandro González-Iñárritu venceu o Oscar de melhor filme, direção e roteiro por um longa centrado nas angústias existenciais de um ator de meia idade egocêntrico chamado Riggan Thompson, vivido pelo impecável Michael Keaton (irretocável em sua composição). Thompson ficou mundialmente conhecido por interpretar um super-herói chamado Birdman lá pelos idos dos anos de 1980 e 1990 e, já maduro, está prestes a levar um drama seríssimo para os palcos da Broadway. Em meio aos acontecimentos correntes da antecipação da estreia teatral de Riggan e as ardilosas provocações e impiedosas cobranças internas, personificadas pelo "fantasma" do Birdman, González-Iñárritu faz o seu 8 1/2 da Hollywood contemporânea na qual artistas esmagados por um público e por um sistema de produção industrial que, em grande parte, está pouco se importando com uma "autenticidade artística" convivem com os demônios naturais da insegurança sobre o talento e o êxito profissional. Tudo isso é tratado com muita ironia por um Iñárritu que, como já mencionado, revela novas preocupações temáticas em sua filmografia e ainda encontra espaço para a inventividade narrativa ao lado do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki, já que Birdman é todo contado como um grande plano-sequência, uma decisão narrativa que amplifica ainda mais as angústias do protagonista dentro das coxias do teatro. Além do excelente desempenho de Michael Keaton, o filme traz Emma Stone e Edward Norton afiados em papéis muito importantes na história, e participações interessantes de Zach Galifianakis, Naomi Watts, Amy Ryan e Andrea Riseborough.
COMENTÁRIOS