Leviatã é um soco na corrupção russa, mas no final das contas é um longa sobre uma estrutura social indistinta de território, trata-se de uma história que poderia perfeitamente ter acontecido aqui no Brasil, por exemplo. O filme de Andrey Zvyagintsev não poupa qualquer estratagema burocrático socialmente legitimado que esmaga o homem comum, no caso, o seu protagonista Nikolay (Aleksey Serebryakov) e, consequentemente, todos aqueles que o cercam, como mulher, filho e amigos. No filme, esse personagem acaba travando uma disputa judicial com um político corrupto pelo terreno no qual sua casa está construída. A direção de Zvyagintsev é seca e o olhar do realizador para o cenário social não é panfletário, mas desesperançoso, melancólico, pessimista, o que é bem positivo. O tom de Leviatã pode incomodar quem procure uma reação mais enérgica do realizador e dos seus personagens para todo aquele cenário, se opõe, por exemplo, à abordagem que vimos no segmento protagonizado por Ricardo Darin em Relatos Selvagens, cuja temática é parecida. No entanto, o filme é admirável por levar até as últimas consequências a sua mensagem e perspectiva de mundo, ainda que esta não promova nenhuma catarse ou válvula de escape para os seus personagens ou para o seu público.
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