Chegamos ao momento em que Hollywood redescobre as distopias e a ressonância dela nas plateias mais jovens. Depois de Jogos Vorazes e Divergente, O Doador de Memórias, não tão bem sucedido nas bilheterias quanto os anteriores, mas bem melhor que o segundo, que de bom mesmo só o desempenho da sua protagonista Shailene Woodley. O "porém" de O Doador de Memórias é que ele é um filme irregular. O longa do veterano Philip Noyce tem ótimos insights, como a discussão que abre sobre o conhecimento ou sobre como, mesmo diante do sofrimento e de toda sorte de situações negativas, a vida é bem melhor com suas imperfeições. No entanto, o filme derruba todas as suas propostas com decisões que o tornam arrastado em seu terceiro ato e com um discurso sobre o "lugar" dos mais velhos na sociedade que, intencionalmente ou não, torna-se uma grande gafe (pensem no que as figuras dos anciões representam no filme e a posição dele sobre a forma como os jovens devem se portar diante desse grupo). Do elenco, o grande destaque é Jeff Bridges e o jovem Brenton Twaites, apenas correto na pele do protagonista. Sobre Meryl Streep (sim, eu sei que vocês esperavam por esse momento),a personagem só fica na superfície e nem mesmo uma atriz como ela é capaz de dar profundidade a uma mulher com propósitos e ideais tão simples, mecânicos. Meryl é uma grande atriz, mas nem ela tira leite de pedra.
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