Glória é mais um longa a ser louvado por ter como protagonista uma mulher que já não está mais na faixa dos 30 anos e não apresenta super-poderes, mas que não é menos interessante por isso, pelo contrário. O chileno Sebastián Lelio conta a história de uma mulher com mais de 50 anos que se liberta na noite ao frequentar clubes de dança. Em uma dessas saídas noturnas, a protagonista conhece um homem e eles passam a ter uma relação muito intensa. No entanto, diferente dela, ele não consegue assumir o compromisso de um relacionamento na idade deles, o que acaba trazendo problemas para ambos. Lelio está preocupado com o interior dos seus personagens e utiliza pouquíssimos artifícios visuais para contar sua história, sua atenção é toda voltada para o cotidiano e para a estupenda interpretação de Paulina Garcia, que despe-se (literalmente) de qualquer pudor para viver essa personagem à flor da pele em suas paixões. Toda a razão de ser desse projeto está nas mãos, nos gestos, nos olhares e na respiração de Garcia que faz a plateia compreender os complexos dilemas de sua Gloria e criar uma cumplicidade com ela.
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