Eis que chegamos ao primeiro exemplar do ano pelo qual tenho sentimentos dúbios, Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum. E como não poderia deixar de ser, vem pelas mãos de Joel e Ethan Coen. Quando me refiro a sentimentos dúbios, deixo claro que entrego ao leitor um dos aspectos positivos de uma obra que de alguma forma mexeu comigo, porém ainda sinto necessidade de retornar a ela para fortalecer as minhas impressões. (Alerta! Alguns grandes filmes nascem quando essa necessidade é sentida por outros tantos espectadores). Em Inside Llewyn Davis, os Coen trazem a história de um músico folk que, exaustivamente, tenta preservar sua dita integridade artística em meio aos imperativos da indústria da música e da impiedosa e pragmática vida cotidiana. Os realizadores alternam o clima do projeto entre a melancólica passividade e integridade do seu protagonista e uma certa dose de humor negro e ironia que as situações pelas quais Llewyn Davis passa evocam. O impecável Oscar Isaac guia o tom da narrativa através dos olhos gradativamente rendidos de Llewyn, mas conta com o apoio das excelentes performances de atores como John Goodman e a cada vez mais afiada Carey Mulligan, um contraponto interessante para o protagonista, como a verborrágica e objetiva Jane, uma personagem composta por camadas interessantes inseridas pela atriz. O filme pode encontrar dificuldade para cativar a plateia por conta do próprio estilo de Joel e Ethan, sempre distantes (o que aqui cabe como uma luva), mas certamente é uma das obras mais equilibradas das suas carreiras. Se possível, merece uma revisitada que, da minha parte , acontecerá em breve.
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