O roteiro de Philomena tem uma certa inclinação para o melodrama forçado e Stephen Frears (Ligações Perigosas e A Rainha), um diretor sempre interessante no comando de qualquer projeto, não faz nada para contornar a ingenuidade de certos diálogos. No entanto, o longa tem o seu grande achado na interpretação estupenda de Judi Dench. A veterana interpreta uma irlandesa em busca do filho que lhe foi tirado quando ainda era garota e morava em um convento inglês em condições incomuns. Ela tinha sido enviada para o local por seu pai como forma de castigo por ter perdido a virgindade com um namorado. Assim como ela, outras meninas foram enviadas para o local e tiveram seus filhos lá. Acontece que o convento pegava os filhos dessas jovens e os vendiam para famílias abastadas. Após mais de 50 anos, Philomena tem a oportunidade de descobrir o paradeiro do seu menino através de um ex-jornalista da BBC.
Não é exagero dizer que todos os pontos positivos de Philomena levam ao trabalho de Judi Dench. O filme tem sua força na empatia imediata do espectador com as motivações da personagem principal (uma mãe a procura de um filho que lhe foi tirado dos braços da maneira mais sórdida possível). Através de Philomena, Dench constrói com muita elegância e sensibilidade o retrato de uma mulher simples norteada por uma fé praticamente inabalável. Se sua relação com a religião leva Philomena a nutrir o remorso e não ter o menor ressentimento pelas freiras, por exemplo, por outro, a tornam uma mulher admirável pela maneira como conduz os reflexos das suas tragédias passadas. É nessa "corda bamba" e contraditória (e, por isso mesmo, muito interessante em termos de construção de personagem) que Judi Dench caminha com muita desenvoltura e cuidado, salvando Philomena da indiferença do espectador.
COMENTÁRIOS