Nos contos de fadas, vilões são interessantes, sim. E normalmente conseguem chamar mais atenção do que as bondosas e puras princesas. O mal exerce um estranho fascínio em nós. Mas vilões são personagens que correm pelas beiradas da história, eles conduzem a ação e os conflitos, mas por mais que sejam interessantes, não são os protagonistas, se fossem, seriam chatos. Dito isso, a decisão de transformar Malévola na grande protagonista do conto A Bela Adormecida em Malévola era uma tragédia anunciada. A trama do filme gira em torno da personagem que, como sabemos pela própria animação da Disney, não é tão profunda assim em suas motivações e propósitos. Recontar essa história, atenuando os traços de vilania de Malévola foi um grande tropeço dos estúdios Disney que parece ter se rendido aos encantos de ter Angelina Jolie como carro-chefe de uma de suas produções, dai o motivo do filme ser centrado na figura de Malévola, e esquecer do seu próprio legado. Do início ao fim, a narrativa, a interpretação dos seus atores e o visual de Malévola evidenciam o grande equívoco que foi essa produção que só tem a pretensão de ser profunda em sua "investigação" da natureza do mal da boca para fora. Na verdade é uma grande e ruidosa banalidade movida pelo fascínio que o público tem pelo que representa Angelina Jolie fora das telas. Sim, porque nas telas, a Sra. Jolie já perdeu o interesse e o vigor faz tempo, aparecendo com cada vez menos frequência em projetos, o que só reforça a ideia de que muito em breve não mais a veremos a frente das câmeras. A esperança que fica é de que seus derradeiros filmes sejam melhores que essa fantasia capenga da Disney.
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