Melhor Trilha Sonora Original
O Mestre
Jonny Greenwood
Jonny Greenwood já tinha estabelecido uma parceria interessante com Paul Thomas Anderson em Sangue Negro, compondo para o filme uma trilha tão soturna e indecifrável quanto a natureza de Daniel Plainview, personagem eternizado por Daniel Day-Lewis em 2007. Em O Mestre, Greenwood volta a trabalhar com o cineasta e realiza uma trilha formidável através de composições que também acompanham a natureza do protagonista do longa, o atormentado e perdido personagem de Joaquin Phoenix, Freddie Quell. A trilha criada por Greenwood para O Mestre é uma espécie de extensão do próprio protagonista do filme: inquieta, inconstante, sombria, melancólica, esperançosa... Enfim, Greenwood acompanha as diversas fases do personagem e confere o tom e a atmosfera obscura e ambígua que acompanha todo o filme. É difícil encontrar uma trilha que sirva aos propósitos de uma obra que não deseje se destacar na fita e que não queira provocar emoções inorgânicas, aquelas que nem mesmo os atores e o diretor conseguiram ou pretenderam no set. O Mestre é um trabalho exemplar nesse quesito, sua trilha é uma peça fundamental na engrenagem concebida por Paul Thomas Anderson, mas sabe ser generosa o suficiente para compreender que deve acompanhar a auxiliar a construção de sentidos e sensações do filme e não ser um componente por si só.
Outras trilhas do ano:
Dario Marianelli - Anna Karenina
Steven Price - Gravidade
Tom Tykwer, Reinhold Heil e Johnny Klimek - A Viagem
Benh Zeitlin e Dan Romer - Indomável Sonhadora
Hans Zimmer - O Homem de Aço
Melhor Canção Original
"Young and Beautiful"
Lana Del Rey
O Grande Gatsby
Escolher uma canção original é sempre difícil porque invariavelmente diretores e estúdios solicitam que grandes compositores e intérpretes participem de seus filmes com o objetivo de ganhar destaque na temporada de prêmios. Como resultado, o que vemos é aquela grande canção escondida nos créditos finais do filme, descolada da própria obra. "Young and Beautiful" de O Grande Gatsby não sofre desse mal, pelo contrário, a canção está presente em todo o filme e é o tema principal de Gatsby e Daisy, influenciando a trilha composta por Craig Armstrong e até mesmo o arranjo de outras canções ao longo da obra de Baz Luhrmann. A interpretação da canção por Lana Del Rey já eternizou "Young and Beautiful" e fará com que a gente lembre do filme de Luhrmann em cada detalhe a cada momento que a ouvirmos pelos próximos anos. A canção reflete as aspirações do protagonista da fita, sua necessidade de reviver o passado, trazer a beleza e a inocência de um tempo que não volta. Seu arranjo, por sua vez, traz com precisão o caráter melancólico da sua persistência na vida de Gatsby e a constatação de Nick Carraway (Tobey Maguire) de que não, as coisas não podem voltar a ser como eram porque nunca foram assim. Linda.
Outras canções do ano:
"Becomes the Color", Emily Wells - Segredos de Sangue
"Here it comes", Emeli Sande - Em Transe
"Last Mile Home", Kings of Leon - Álbum de Família
"No te puedo encontrar", Silvia Pérez Cruz - Branca de Neve
"Olha pra mim", Arnaldo Antunes - A Busca
COMENTÁRIOS