Melhor Direção
Michael Haneke
Amor
Michael Haneke é um cineasta pessimista, descrente na redenção dos seus personagens, em muitos casos. Podemos dizer que Amor foi uma nova faceta do realizador austríaco, uma que não conhecíamos. Ainda que o filme sobre um homem que cuida de sua esposa após esta passar por um derrame cerebral ser um longa melancólico e cru a respeito da própria condição humana, trata-se do trabalho mais terno do diretor. Amor é um Haneke terno, suave, sem deixar de lado a dureza do seu olhar sobre a vida. Conseguindo harmonizar tão bem essas duas características aparentemente dissonantes, Haneke filma Amor com muita delicadeza e consciência da linguagem cinematográfica, fazendo da câmera um narrador importante e presente que dialoga com os demais aspectos da produção, especialmente as belíssimas interpretações de Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva. Além disso, Haneke não deixa de lado algumas de suas marcas mais preciosas enquanto realizador, o seu ar provocativo, questionador e, em alguns momentos, sádico com o espectador. Nunca Haneke foi tão doce e nunca o cinema abordou com tanta crueza e dignidade o amor quanto em Amor.
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
Poucos diretores sabem mostrar Hollywood tão bem quanto Sofia Coppola, que é cria daquele universo. Mas a Hollywood que interessa Sofia é a Hollywood do vazio, da solidão. O grupo de jovens fúteis de Bling Ring então encontraram em Coppola a diretora ideal para contar a sua história, oferecendo sempre alternativas interessantes de captação de imagens e um olhar distante, porém irônico e mordaz a cada sequência. Sem dúvida, um dos melhores trabalhos da diretora em anos.
Alfonso Cuarón
Gravidade
Alfonso Cuarón foi o homem das grandes façanhas cinematográficas em 2013. Com Gravidade, Cuarón nos ofereceu a perspectiva real do espaço, lindo e assustador, com texturas, movimentos de câmera coerentes e sensoriais e ainda administrou a dinâmica de praticamente apenas um ator em cena, no caso, Sandra Bullock, se redimindo lindamente da gafe de ter ganho o Oscar por um desempenho capenga como o de Um Sonho Possível.
Klebber Mendonça Filho
O Som ao Redor
O Som ao Redor nos faz lembrar do cinema brasileiro que realmente importa e que é violentado por um sistema de produção, distribuição e exibição extremamente injusto. O olhar de Klebber Mendonça Filho para a classe média e para as relações entre patrões e empregados nos condomínios das grandes cidades é discreto, porém áspero, atento aos detalhes. O diretor encontrou um número formidável de possibilidades em um ambiente que representa o embrião dos principais problemas desse país. Político sem ser panfletário.
Paul Thomas Anderson
O Mestre
É admirável a capacidade que Paul Thomas Anderson tem de mostrar relevância e vigor a cada novo projeto sem perder as principais características de sua assinatura. O Mestre é mais um trabalho executado com bravura por um diretor que surge sempre renovado em seu olhar sobre o mundo e intenso em sua relação com seu elenco. Anderson ainda não tem o reconhecimento público que deveria, é incrível como as comunidades cinéfilas continuam presas a certas tradições, muitas vezes cultivadas por preguiça, por não quererem olhar para outros horizontes cinematográficos. No entanto, o tempo lhe dará o devido reconhecimento.
Joe Wright
Anna Karenina
Joe Wright é um dos realizadores britânicos com mais personalidade em atividade no cinema. Sabemos quando estamos diante de um de seus filmes não apenas por ele ser protagonizado por sua musa, a atriz Keira Knightley, mas por que o seu mise em scéne é conhecido por desconstruir expectativas. Em Anna Karenina, Wright administrou a dinâmica teatral com cenários e atores, transformando a sociedade russa do romance em um grande palco para dissimulações e julgamentos. Um trabalho extremamente difícil que o diretor conseguiu fazer com a naturalidade de quem sabe andar de bicicleta.
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