Melhor Atriz
Emmanuelle Riva
Amor
A Academia morreu de amores pela jovialidade de Jennifer Lawrence no auge da sua carreira com o morno O Lado bom da Vida e chegou a ser estranho que em um ano com um desempenho como o de Emmanuelle Riva em Amor no páreo a new babe de Hollywood tenha vencido. Melhor dizendo, estranho não foi, sabemos o motivo, mas que soou mal, soou. Lawrence é ótima, talvez uma das melhores atrizes de sua geração, mas não por O Lado bom da Vida, ok? O ano foi mesmo da Sra. Riva e sua corajosa interpretação em Amor na casa dos 80 anos de idade. Na pele de Anne, Riva desenvolveu com maestria toda a trajetória de uma mulher que se transforma ao longo do filme em decorrência de um derrame. A determinação e o ímpeto com que Riva aceitou viver uma personagem nessas condições com a idade que tem, encarando não apenas um desafio físico, mas psicológico, são admiráveis. Emmanuelle Riva nos comove em cada cena de Amor mostrando-nos o esplendor de uma maturidade artística inigualável e quitando uma dívida eterna que o cinema tem com os atores de sua geração, sempre preteridos por histórias protagonizadas por jovens, mostrando dilemas e preocupações de jovens. Nada contra os fãs de Jennifer Lawrence, mas Emmanuelle Riva é uma majestade que dispensa introduções ou justificativas em Amor.
Juliette Binoche
Camille Claudel, 1915
Juliette Binoche é o tipo de atriz que faz com dedicação qualquer papel que lhe é oferecido. Contracenando com internas reais de um sanatório, Binoche interpretou a artista plástica Camille Claudel, ex-amante de Auguste Rodin, nos anos em que esteve internada em uma casa psiquiátrica. A atriz mais uma vez entrega uma performance visceral que extrai as maiores qualidades de Binoche como intérprete, entre elas a capacidade de nos fazer entender a alma da sua personagem com os gestos mais simples.
Cate Blanchett
Blue Jasmine
A australiana Cate Blanchett é um trator no novo filme de Woody Allen, Blue Jasmine. Blanchett está tão bem na produção que ofuscou o roteiro e a direção do próprio projeto, trazendo todas as atenções para sua personagem, uma perua que desaba em depressão após a crise financeira nos EUA em 2008. No limite da sanidade, entre um copo de uísque e um coquetel composto por Xanax e outros medicamentos, Jasmine é uma co-criação fascinante entre Blanchett e Allen. Caso ganhe o Oscar de melhor atriz na próxima premiação, como as bolsas de apostas apontam, será merecidíssimo.
Julie Delpy
Antes da Meia Noite
Delpy chega esplendorosa no último capítulo da trilogia romântica de Richard Linklater. Conferindo novas cores e neuroses à madura Céline, Delpy está ainda mais afiada em sua parceria com Ethan Hawke em Antes da Meia Noite. A forma com que Céline lida com o amadurecimento do seu relacionamento com Jesse e a maneira com que ela conduz as suas próprias frustrações e expectativas foram os combustíveis da interpretação de Julie Depy no desfecho da série iniciada com Antes do Amanhecer em 1995. Não poderia encerrar em melhor forma.
Adèle Exarchopoulos
Azul é a Cor mais Quente
Abdellatif Kechiche descobriu Adèle Exarchopoulos em Azul é a Cor mais Quente e não queremos mais perder essa garota de vista. A performance entregue e absolutamente encantadora e delicada de Exarchopoulos é um dos principais motivos para o êxito do longa. Em três atos, vemos Exarchopoulos amadurecer a olhos visíveis em cena, assim como sua personagem. A atriz traz para o longa uma interpretação cheia de vida, de sentimentos. Exarchopoulos mostra-se aqui uma atriz instintiva, sem pudores e extremamente sensível. Como querer mais?
Barbara Surkowa
Hannah Arendt
A austera e contundente filósofa Hannah Arendt encontra uma intérprete perfeita na alemã Barbara Surkowa. Tornando o denso roteiro de Margarethe von Trotta e Pam Katz para o filme fluido e ritmado, Barbara Surkowa conduz com destreza e uma aparente facilidade as rédeas de Hannah Arendt. Há uma secura e uma introspecção que condizem com a natureza da personagem e que desabrocham em um espetacular monólogo final que "quebra as pernas da plateia" e fazem todas as pistas dadas por Surkowa sutilmente ao longo do filme ganharem sentido.
Amy Adams
O Mestre
Amy Adams é daquele tipo de atriz que é tão boa em cena que seus feitos parecem imperceptíveis diante dos esforços dos seus colegas. Adams é adepta das sutilezas, do lema de que, em muitos casos, mais vale uma composição repleta de nuances do que um único e grande momento de demonstração de habilidades dramáticas. Talvez por isso surja sempre nas listas de melhores do ano em diversos grupos e nunca ganhe. A presença de Adams em O Mestre é tão sutil quanto seus desempenhos anteriores, no entanto, iguala-se em força as melhores interpretações da atriz até então, na dramédia Retratos de Família, de 2005, e na subestimada fantasia infantil Encantada (oh, a sina dos filmes para crianças...), de 2007. Em O Mestre, Amy Adams interpreta Peggy Dodd, esposa do líder religioso de "A Causa", Lancaster Dodd, papel de Philip Seymour Hoffman. Tal qual seu marido, Peggy é uma mulher de pretensões nebulosas, mas não esconde seu fanatismo pelas ideias e crenças criadas pelo esposo. Adams faz questão de deixar no ar o real interesse de Peggy, tornando dúbia e misturadas sua crença e seu instinto de sobrevivência, já que o sustento da casa acaba tendo origem no êxito das pregações de Dodd. Mais uma vez, Adams fica atenta aos detalhes e concentra seus esforços na composição de uma personagem que torna-se interessante justamente por querer "passar batido". Só as grandes atrizes conseguem tamanha façanha.
Anne Hathaway
Os Miseráveis
Ok. Os Miseráveis não é tão bom assim quanto aparentava. O que não dá para negar é que Anne Hathaway foi primorosa na pele de Fantine. O melhor momento? A sequência musical "I dreamed a dream" já eternizada pela voz da atriz. A gente pode se queixar do despropósito de Tom Hooper filmar o musical prioritariamente em primeiro plano ou de exagerar nos takes inclinados, mas o que não dá para negar é a força desse elenco, sobretudo Hathaway, inesquecível mesmo estando em cena por menos de uma hora de projeção.
Nicole Kidman
Obsessão
A gente ama Nicole Kidman e num ano em que ela interpreta Charlotte Bless, a Barbie trash e vulgar de Obsessão, não poderíamos descartá-la da lista. Não é novidade que o filme é do tipo "ame-o ou deixe-o", a carreira de Nicole é repleta desses exemplares e por isso mesmo ela ainda é uma atriz relevante. Com Charlotte Bless, Kidman cuidou de cada detalhe em particular, o jeito de andar, falar, a peruca, os vestidos baratos, coloridos e exageradamente curtos. Trata-se de uma daquelas performances camaleônicas vindas de uma atriz que está sempre em busca de desafios.
Eva Mendes
O Lugar onde tudo Termina
O trabalho de Eva Mendes nesse drama de Derek Cianfrance é sólido e bastante delicado. A atriz contracena boa parte do tempo com o talentoso Ryan Gosling e consegue arrancar uma performance cheia de dignidade e sinceridade na pele de uma mãe solteira de vida difícil. O mais interessante é que parece que O Lugar onde tudo Termina representa o início de um novo movimento na carreira de Eva, que passa de "gostosona latina" a atriz séria e dedicada. O longa é um bom e discreto início para essa pequena revolução promovida por Mendes.
Léa Seydoux
Azul é a Cor mais Quente
Emma não é apaixonante só porque tem um interessante e exótico cabelo azul, mas porque Léa Seydoux transforma a personagem em uma pessoa absolutamente sedutora e encantadora. Quem não se apaixonaria por ela? A forma com que Emma surge em Azul é a Cor mais Quente e transforma a vida de Adèle só causa impacto porque Seydoux soube transformar a personagem em uma garota de espírito livre que é praticamente irresistível. Articulada, firme em suas ideias, desencanada... A personagem é avassaladora.
Emma Watson
Bling Ring - A Gangue de Hollywood
Emma Watson é um estouro em Bling Ring - A Gangue de Hollywood e prova que a garota que começou a carreira ainda jovem em Harry Potter e a Pedra Filosofal amadureceu e se tornou uma grande atriz. Sua Nicki no filme de Sofia Coppola é uma bitch dissimulada e alienada que sequer consegue ter a mínima dimensão da gravidade dos roubos que comete junto com o seu grupo nas casas das celebridades de Los Angeles no decorrer do longa. Watson tem momentos simplesmente brilhantes e sozinhas ao longo da produção. Calou a boca de muita gente.
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