Acredito que não exista melhor forma de comprovar a pertinência de um clássico e mantê-lo vivo na cabeça da audiência do que assistí-lo e reassistí-lo quantas vezes for possível. Tenho dúvidas sobre a pertinência de refilmagens e reboots, parecem evidenciar a relação descartável que a geração atual tem com o cinema. Por que não assistir a um filme da década de 1970, 1960 e por ai vai? Ainda assim, não sou totalmente contra alguns remakes. Em Carrie, a Estranha, a diretora Kimberly Pierce não tenta lutar contra o clássico de 1976, dirigido por Brian De Palma, o que acaba sendo em parte muito bom. No entanto, parece temer ir mais a fundo na sua tentativa de tornar a clássica alegoria de terror sobre a torturante fase da adolescência mais, digamos assim, "contemporânea". O bullying virtual e os paralelos entre a história de Carrie e o histórico de massacres escolares nos Estados Unidos mereciam um enfrentamento mais corajoso e incisivo por parte da realizadora. Além disso, Chloe Grace Moretz, com seu rosto angelical, ainda que seja uma atriz sempre muito interessante, fica devendo se a compararmos com a jovem Sissy Spaceck em 1979, na ocasião uma garota magra, desengonçada e sardenta, ou seja, escalação mais do que perfeita para Carrie. Contudo, o filme nos guarda uma interessante interpretação de Julianne Moore (Deus, como não há mais papeis interessantes para essa mulher?), que eleva o fanatismo religioso de Margaret White a outro nível de loucura.
Carrie, 2013. Dir.: Kimberly Pierce. Roteiro: Lawrence D. Cohen e Roberto Aguirre-Sacasa. Elenco: Chloe Grace Moretz, Julianne Moore, Judy Greer, Gabriella Wilde, Ansel Elgort, Portia Doubleday, Barry Shabaka Henley, Alex Russell. 100 min. Sony.
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