Quem nunca ouviu falar de Linda Lovelace, certamente já ouviu alguma referência a Garganta Profunda, filme que a transformou na estrela pornô mais famosa do mundo. Lovelace é uma cinebiografia que aborda este momento na vida de Linda, sobretudo o que acontecia com ela nos bastidores da indústria pornográfica dos anos de 1970. Linda entrou nesse universo graças ao marido Chuck Traynor, que a obrigava a se prostituir e controlava todos os lucros que obteve com Garganta Profunda, fita que tornou-se febre na indústria pornográfica quando ocupou o ranking das maiores bilheterias em seu ano de estreia. Infelizmente, o filme de Rob Epstein e Jeffrey Friedman, que demonstraram apuro estético em Howl, derrapa em diversos aspectos. A começar pela narrativa, Lovelace baseia-se em idas e vindas que não são nada produtivas para o espectador, flashbacks confusos e deslocados. Além disso, o filme sustenta-se na superficial relação "marido agressor - esposa submissa" para explicar as complexas personalidades de Lovelace e Traynor. Para completar, Amanda Seyfried até que tenta, mas não consegue sustentar o peso de uma personagem tão delicada quanto esta, e ainda conta com uma Sharon Stone de dar vergonha por carregar tanto nos trejeitos e nas feições que evocam severidade como a mãe de Lovelace. Quem se salva na produção é Peter Sarsgaard, mais uma vez demonstrando que precisa de um projeto que proporcione uma guinada em sua carreira. Como Chuck Traynor, Sarsgaard insere todas as camadas necessárias ao personagem que o roteiro e os cineastas não foram capazes de dar. Definitivamente não foram os mesmos diretores inventivos de Howl que dirigiram Lovelace. Não foram mesmo!
Lovelace, 2013. Dir.: Rob Epstein e Jeffrey Friedman. Roteiro: Andy Bellin. Elenco: Amanda Seyfried, Peter Sarsgaard, Sharon Stone, James Franco, Chris Noth, Hank Azaria, Adam Brody, Chloe Sevigny, Eric Roberts, Juno Temple, Wes Bentley, Robert Patrick. 93 min. Paris Filmes.
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