A forma com que Paul Greengrass conduziu Voo United 93, dialogando a linguagem documental observativa com a dinâmica de um elenco formado por atores pouco conhecidos, se encaixava com a proposta do filme, a de nos inserir como espectadores passivos de um evento marcante na recente história da humanidade, o 11 de setembro. Em A Supremacia Bourne e O Ultimado Bourne, o cineasta até que utilizou uma abordagem parecida, porém mais comedida, apropriada ao projeto, foi certeiro. O incômodo do formato veio mesmo com Zona Verde, um filme que, particularmente, não diz a que veio, e agora em Capitão Phillips, filme que deve abocanhar um bom número de indicações a prêmios no ano que vem, entre eles o Oscar. Como aconteceu nas demais produções do cineasta, a câmera na mão, alternando sequências desfocadas e desenquadradas com uma montagem enérgica e ritmada, é o principal ingrediente. O longa basicamente acompanha a invasão de um navio cargueiro por um grupo de piratas da Somália. As tensões sociais entre os piratas e o capitão da embarcação, mantido refém, estão ali, mas não parece o principal objetivo da produção. Entre os tiques estilísticos de Greengrass, Tom Hanks se sobressai em uma atuação interessante, contida, mas emocionalmente catártica. Ainda que as emoções permaneçam na superfície, a tensão é constante e digna de um thriller mediano.
Captain Phillips, 2013. Dir.: Paul Greengrass. Roteiro: Billy Ray. Elenco: Tom Hanks, Barkhad Abdi, Barkhad Abdirahman, Faysal Ahmed, Mahat M. Ali, Michael Chernus, Catherine Keener, Corey Johnson, Omar Berdouni. 134 min. UIP.
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