Distrito 9 foi uma das grandes surpresas de 2009, a combinação de fatores aparentemente excludentes que deu certo: o favela movie e a ficção-científica. A impressão que Elysium passa, com o mesmo realizador da produção anteriormente mencionada, é a de que existiu uma tentativa de repetir a abordagem - o foco do sul-africano Neill Blomkamp ainda é a distopia terceiro-mundista -, mas com menos empenho e tratamento mais desleixado que Distrito 9. A trama do filme é ambientada em dois mundos distintos, a Terra, desgastada após anos de maus tratos pela humanidade, e Elysium, planeta artificial habitado pelos abastados do Primeiro Mundo. As metáforas políticas e sociais são sufocadas por uma trama linear de ação e os personagens recebem um tratamento superficial, sobretudo o protagonista vivido por Matt Damon, cujos propósitos não são bem claros ou mostram-se insuficientes para nos importarmos com sua própria existência na história (além disso, ao menos para nós da América do Sul, sai estranho inserir Damon em um núcleo protagonizado por atores latino americanos - além de Moura, Alice Braga e o mexicano Diego Luna). Damon parece mais um nativo de Elysium do que um dos habitantes esfolados da Terra. A participação mais interessante do longa (e ninguém aqui está puxando sardinha) é a de Wagner Moura, seu Spider é, disparado, o personagem mais multifacetado do filme.
Elysium, 2013. Dir.: Neill Blomkamp. Roteiro: Neill Blomkamp. Elenco: Matt Damon, Jodie Foster, Alice Braga, Wagner Moura, Sharlto Copley, Diego Luna, William Fichtner, Brandon Auret, Josh Blacker, Emma Tremblay. 109 min. Sony.
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