Paulo Caldas, de Baile Perfumado e Deserto Feliz, retorna com esse drama sobre o lugar da religião na contemporaneidade, intitulado País do Desejo. O filme conta uma história em dois eixos diferentes. De um lado, o sofrimento de uma pianista renomada por uma doença renal crônica. Do outro, uma família centrada em dois irmãos, um médico, casado e pai de dois filhos, o outro um jovem padre com ideias progressistas. O que acontecerá com esses dois núcleos é melhor manter em segredo. Em País do Desejo, Caldas pretende fazer uma crítica à gestão da Igreja Católica, cuja tendência apontada por muitos é a da permanência de uma ala conservadora que sufoca e incompatibiliza sua reformulação. O filme tem momentos inspirados, a ideia de Caldas é consistente, bem como sua condução ao longo da projeção. Há também interpretações honestas de Fábio Assunção, Maria Padilha e Gabriel Braga Nunes. No entanto, determinadas camadas dos personagens permanecem ocultas por falta de um maior aprofundamento do roteiro, uma necessidade latente que só é despertado quando já é tarde demais e o filme passa da primeira hora de projeção. Faltou timing.
País do Desejo, 2012. Dir.: Paulo Caldas. Roteiro: Paulo Caldas, Amin Stepple e Pedro Severien. Elenco: Fábio Assunção, Maria Padilha, Gabriel Braga Nunes, Germano Haiut, Nicolau Breyner, Fernanda Vianna, 87 min. Califórnia Filmes.
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