A geração Facebook provavelmente nunca irá vivenciar certos fenômenos da cultura pop. Os tempos são outros, os meios de acesso a conteúdos são outros, as facilidades são maiores e tudo é banal. A Morte do Demônio de 1981 foi uma produção barata que só chegou no Brasil em 1983, saindo diretamente em VHS e tornando-se um dos filmes de terror mais cultuados de sua época, extendendo sua fama para os anos de 1990. Em muitas casas a fita era praticamente proibida pela violência explícita, o que para algumas crianças ou adolescentes só tornava a experiência de assistir A Morte do Demônio ainda mais tentadora. O longa trouxe aquela que viria a ser a marca do diretor Sam Raimi no gênero, criando uma ramificação dentro do próprio terror, muito antes de dirigir a primeira trilogia Homem-Aranha: tramas que não têm vergonha de ser gore e que tiram sarro das próprias situações que trazem para o espectador. Corpos mutilados, adolescentes compulsivamente estúpidos e situações inverossímeis, tudo isso fazia parte da grande brincadeira que Raimi propunha, "olha como o terror é involuntariamente ridículo!" . Esse remake de A Morte do Demônio, apesar de ter o dedo do próprio Sam Raimi (um dos produtores), leva-se a sério demais. Seu diretor, o uruguaio Fede Alvarez, até consegue criar uma atmosfera assustadora, mas não diferencia A Morte do Demônio de tantos outros longas do gênero que saem aos montes a cada ano. O que torna esse filme tão especial a ponto dele ser refeito? Para a geração de 1980 a resposta é muito simples. E para esta? Sem encontrar uma resposta, a simples necessidade de atender a uma demanda do mercado por remakes soa fútil demais. Prefiro ficar com minha antiga versão em VHS já mofada pelo tempo do que está versão turbinada de A Morte do Demônio.
Evil Dead, 2013. Dir.: Fede Alvarez. Roteiro: Fede Alvarez e Rodo Sayagues. Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci, Jessica Lucas, Elizabeth Blackmore, Jim McLarty, Sian Davis, Randal Wilson, Stephen Butterworth. 90 min. Sony.
COMENTÁRIOS