Ginger e Rosa estão crescendo em plena Londres dos anos de 1960, cidade efervescente com os protestos políticos na ocasião da Crise dos Mísseis de Cuba. As duas acham a vida de suas respectivas mães completamente patéticas, donas de casa que intelectualmente nada lhes têm a acrescentar, enquanto o pai de Ginger (sim, porque o pai de Rosa não aguentou a vida doméstica e abandonou ela e sua mãe) é visto pelas duas como um modelo a ser seguido, um homem cheio de ideias libertárias. A vida das duas segue trajetórias opostas em determinado momento da trama e Ginger entra em crise quando essa cisão simboliza o desmoronamento de todos os seus sonhos e ideais adolescentes. Roteirizado pela própria diretora, Sally Potter, que por sinal dirige o filme com uma sensibilidade ímpar, Ginger e Rosa é um bonito e melancólico tributo à adolescência, especialmente à fase em que nos deparamos com as constatações sobre a vida adulta e com a dissolução da imagem que fazemos de nossos maiores ídolos (sejam elas boas, como no caso do pai da protagonista e de Rosa, ou más, no caso da mãe). O longa conclui de maneira belíssima esse impasse, evitando uma linha mais pessimista, ainda que flerte com o tom melancólico. Pelo contrário, a protagonista opta pela tolerância com a falibilidade dos personagens a sua volta, constata que todos têm ranhuras de caráter. Em síntese, opta pelo amadurecimento e não há nada mais edificante do que amadurecer. O filme ainda nos presenteia com uma grande interpretação de Elle Faning, que deixou de ser promessa há muitos anos e surge como uma profissional madura em Ginger e Rosa, uma atriz capaz de compreender os dilemas e as transformações de sua personagem. Em outras palavras, Ginger e Rosa tem nome e sobrenome: Elle Faning.
Ginger & Rosa, 2012. Dir.: Sally Potter. Roteiro: Sally Potter. Elenco: Elle Faning, Alice Englert, Alessandro Nivola, Christina Hendricks, Annette Bening, Timothy Spall, Oliver Platt, Jodhi May, Andrew Hawley, Matt Hooking. 90 min. Paris Filmes.
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