Melhor Direção
Nicolas Winding Refn
Drive
O ano foi bom para revelar talentos. Os veteranos estavam lá e com grande estilo, o caso de Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret), Leos Carax (Holy Motors), David Fincher (Millennium - Os Homens que não Amavam as Mulheres), Christopher Nolan (Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge) e Abbas Kiarostami (Um Alguém Apaixonado) , mas 2012 foi marcado, por exemplo, pela vitória de Michel Hazanavicius no Oscar com O Artista e pela vivacidade e originalidade de Nicolas Winding Refn no drama de ação Drive, trabalho que lhe rendeu o prêmio de direção no Festival de Cannes de 2011 e que foi o primeiro da sua carreira dos Estados Unidos. Com um roteiro trivial, adaptado de um livro de James Sallis, que não tem maiores ambições, Refn criou um romance trágico e violento entre um dublê de sequências de carro de Hollywood e uma mãe solteira, repleto de referências ao cinema de Tarantino, Scorsese e à estética e narrativa oitentista e setentista. Um diretor que consegue conferir tamanha dimensão a um projeto aparentemente sem brilho, merece o reconhecimento que ele teve, e olhe que ainda foi pouco!
Ben Affleck por Argo -> Em seu terceiro longa metragem, Ben Affleck chega ao ápice da carreira de diretor, alcançando uma maturidade notável na condução de Argo, filme que já desponta como um dos três favoritos ao próximo Oscar. Affleck é daqueles que sabem lidar com tramas policiais ou políticas sem perder a perspectiva humana do roteiro.
Juan Antonio Bayona por O Impossível -> Nem nos meus maiores delírios cinematográficos poderia pensar que o diretor por trás do terror O Orfanato pudesse realizar um filme tão sensível e colocar de cabeça para baixo qualquer expectativa que possamos ter sobre o cinema catástrofe. Bayona levou o público às lágrimas com esta simples e emocionante história sobre a força dos laços familiares.
Leos Carax por Holy Motors -> O francês subverteu qualquer regra narrativa com o incômodo e reflexivo Holy Motors. A inquietação de Carax como realizador está em cada frame e dialoga com o público e com o artista contemporâneo, perdido em seus referenciais. O diretor utilizou por completo o potencial (ou a função) que o cinema tem de desafiar o espectador por meio de metáforas visuais.
Michel Hazanavicius por O Artista -> Como um cineasta contemporâneo pode se manter fiel ao seu tempo e utilizar recursos técnicos e estéticos de 80 anos atrás? Michel Hazanavicius conseguiu o feito com O Artista. O francês venceu Martin Scorsese no Oscar e realizou uma grande homenagem ao fascínio que o cinema sempre inspirou em seu público, sobretudo no tempo em que o silêncio valia mais que mil palavras.
Martin Scorsese por A Invenção de Hugo Cabret -> Acostumado a dramas violentos, Martin Scorsese se submeteu ao desafio de adaptar um romance infanto-juvenil. O melhor de tudo é que o longa não é um engodo visual, todo o deleite estético está vinculado a uma trama emocionante que nada mais é do que uma grande homenagem do diretor a uma de suas maiores paixões: o seu próprio ofício.
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