Melhor Atriz
Charlize Theron
Jovens Adultos
Como resistir a uma boa bitch? Em 2012, Charlize Theron carregou o título com três personagens do gênero, mas entre a cruel Rainha Ravenna, de Branca de Neve e o Caçador, e a fria Meredith Vickers, de Prometheus, está o pouco visto e delicioso desempenho da atriz como Mavis Gary, a frustrada e recalcada escritora de livros juvenis de Jovens Adultos, recente parceria do diretor Jason Reitman e da roteirista Diablo Cody. Theron dá vida à odiosa personagem presa a sua imagem de líder de torcida popular no passado e que retorna para a sua cidade natal obstinada a destruir o casamento feliz de um antigo amor. A atriz, que já mostrou serviço escondendo sua beleza na interpretação que lhe rendeu um Oscar, Monster - Desejo Assassino, retorna mais monstruosa possível e irresistivelmente linda. Charlize entendeu profundamente a natureza dessa vilã não convencional que, de certa forma, reflete um pouco cada um de nós. As frustrações por não ter se tornado a pessoa que realmente acreditava ter potencial para ser na adolescência, transformou Mavis Gary nesse ser humano absolutamente repulsivo que devemos evitar ser, mas com o qual inevitavelmente em algum momento de nossas vidas acabamos sendo. Abaixo, a personagem na óptica de sua própria intérprete:
Outros nomes considerados:
Viola Davis em Histórias Cruzadas -> O filme não resistirá ao tempo, sua protagonista sim. Histórias Cruzadas é maniqueísta com certos personagens e honesto com outros. Um desses retratos honestos e sensíveis é o de Aibileen Clark, personagem defendida com sensibilidade e dignidade ímpar por Viola Davis. Nada me tira da cabeça que o Oscar de melhor atriz desse ano deveria ter sido dela.
Meryl Streep em A Dama de Ferro -> Você sabe quando uma atriz é soberba quando ela consegue contornar a superficialidade do roteiro e direção e entregar uma interpretação complexa e multifacetada. Esse é o caso de Meryl Streep nessa biografia frouxa da ex-primeira ministra na Inglaterra, Margaret Tatcher.
Meryl Streep em Um Divã para Dois -> Depois de vencer um terceiro Oscar com A Dama de Ferro, Streep nos presenteou com essa deliciosa e sensível comédia sobre a sexualidade na terceira idade. Em outro esforço dedicado da atriz, ela interpreta uma submissa mãe de família que leva o rabugento e resistente marido para uma terapia de casal.
Tilda Swinton em Precisamos Falar sobre o Kevin -> É impressionante a quantidade de camadas que Tilda Swinton é capaz de oferecer em seu desempenho neste drama. Até quando está apática em cena, a inglesa está brilhante no longa, carregando a culpa por não conseguir estabelecer vínculos mais afetuosos com seu filho e por se responsabilizar pela criação de um verdadeiro monstro.
Naomi Watts em O Impossível -> Há quem diga que a interpretação da atriz no filme se resume a reações ao terror vivido no desastre natural. Grande equívoco, o desempenho de Watts é físico e emocionalmente visceral como uma mãe que tenta sobreviver, salvar seu filho e reencontrar a família durante o tsunami de 2004. Watts é uma das responsáveis pela conexão emocional entre os personagens e o espectador.
Melhor Atriz Coadjuvante
Carey Mulligan
Shame
Conhecida até então por dar vida a jovens e recatadas heroínas românticas (Educação, Não me Abandone Jamais e Drive), Carey Mulligan mostrou serviço mesmo em Shame, na pele de Sissy, irmã despojada e afetuosa do problemático Brandon, personagem de Michael Fassbender. A personagem é uma espécie de pedra no sapato de um protagonista que tem dificuldades para estabelecer vínculos afetivos. Ainda que emocionalmente tão frágil quanto Brandon, Sissy é o extremo oposto do irmão e isso o incomoda. Uma das cenas antológicas do filme é protagonizada pela atriz, que interpreta a canção "New York, New York", de Frank Sinatra, e dá um novo significado para ela, um significado que tem a ver com o passado dos irmãos. Carey está incrível nesse longa e dá os primeiros sinais de uma carreira interessante para a atriz nas telonas. Abaixo, a tão comentada cena dela em Shame e uma entrevista da atriz sobre a personagem:
Outros nomes considerados:
Sareh Bayat em A Separação -> Contraponto para a moderna família protagonista, Sareh Bayat interpreta a cuidadora Razieh em A Separação. Bayat dá substância às convicções religiosas de Razieh sem transformá-la em uma extremista religiosa, uma compreensão humana para uma personagem que poderia cair na caricatura.
Emily Blunt em Looper - Assassinos do Futuro -> A relação entre Sara e o pequeno Cid é um dos pontos nevrálgicos de Looper. Blunt interpreta uma mulher que tenta se reconciliar com o passado, protegendo com unhas e dentes seu filho que manifesta um poder destrutivo quando irritado. Por um desempenho sensível e feroz, Blunt merece estar em qualquer lista por esse papel.
Anne Hathaway em Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge -> Não dá para esquecer Michelle Pfeiffer como a Mulher-Gato, mas dá para aceitar que Hathaway fez um trabalho irretocável como a sinuosa e icônica personagem no novo longa do Batman. Ainda que não use o codinome, sua Selina Kyle é tudo o que se esperava e mais um pouco.
Maggie Smith em O Exótico Hotel Marigold -> A rabugenta e preconceituosa Muriel Donnelly é uma das melhores coisas de O Exótico Hotel Marigold. Smith trabalha como ninguém as nuances e as mudanças de ponto de vista da personagem durante sua estadia na Índia. Aos 78 anos de vida, a veterana inglesa também vive uma das melhores fases de sua carreira com a série Downton Abbey.
Shailene Woodley em Os Descendentes -> A jovem tem a melhor cena de todo o filme, colocando George Clooney no chinelo quando revela ao personagem do ator que sua esposa o traia. A intérprete da filha mais velha do protagonista domina toda a cena, o que nos faz esperar ansiosos pelos seus próximos passos.
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