Cosmópolis é a representação viva de um David Cronenberg perdido em suas próprias aspirações. Adaptando o apocalíptico e "cabeçudo" livro de Don DeLillo, que veio para as livrarias em 2003 e foi tido como uma espécie de premonição para a crise econômica e política que se abateu sobre os EUA em 2008, o diretor erra mais que acerta. O longa traz Robert Pattinson como um jovem milionário que decide cruzar Nova York para cortar seu cabelo, isso no momento em que a cidade está em polvorosa com diversas manifestações do proletariado e em função da visita do presidente do país. Cronenberg resolve optar pela verborragia e pelo tom que oscila entre a erudição e a teatralidade para tornar os diálogos de seus personagens verdadeiros tópicos argumentativos que visam convencer o espectador sobre os efeitos nefastos do capitalismo e, consequentemente, da política externa norte-americana. Os personagens são apenas um pretexto para DeLillo, e agora Cronenberg, apresentarem ao espectador um encadeamento de ideias, que não apresentam nada que ninguém já tivesse concluído por outras vias. No entanto, a interpretação de Paul Giamatti nos minutos finais e algumas sacadas irônicas (o exame de próstata) salvam o longa. Giamatti protagoniza um duelo (sim!) com Robert Pattinson, que finalmente dá conta do recado. Ainda assim não empolgue-se, aqui a habitual apatia de Pattinson o beneficia e cai como uma luva para o protagonista de Cosmópolis.
Cosmopolis, 2012. Dir.: David Cronenberg. Roteiro: David Cronenberg. Elenco: Robert Pattinson, Paul Giamatti, Sarah Gadon, Samantha Morton, Juliette Binoche, Kevin Durand, Abdul Ayoola, Emily Hemphshire, Jay Baruchel, Mathieu Amalric, Patricia McKenzie. 109 min. Imagem Filmes.
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