O Vingador do Futuro
Cultuada no início dos anos de 1990, O Vingador do Futuro era uma ficção científica baseada em um conto de Philip K. Dick, considerado o papa do gênero (autor de Minority Report e Blade Runner, entre outros), e trazia Arnold Schwarzenegger como um operário, em um futuro marcado pela segregação social entre os dois territórios restantes na Terra. O homem descobria ser um agente duplo e tinha que se desvencilhar de um governo autoritário e de sua esposa, que revelava-se como uma agente contratada para vigiá-lo. O filme era conduzido pelo hiperbólico Paul Verhoven, sendo um entretenimento despretensioso e flertava com o kitsch. A nova versão traz Colin Farrell no papel título e é igualmente despretensiosa e divertida, ainda que o filme original preserve seu charme e sua autenticidade no tempo, sendo superior a este aqui. O remake é dirigido por Len Wiseman, da série Anjos da Noite, que por sinal se sai melhor aqui que no comando da franquia sobre vampiros e lobisomens. Há uma excelente aplicação de efeitos especiais e design de produção em prol da narrativa e Colin Farrell demonstra uma clara evolução como ator, se pensarmos em seus primeiros filmes. No entanto, o ingresso é recompensado pela desenvoltura de Kate Beckinsale, esposa do diretor e sua habitual colaboradora, que com uma arma em punho mostra, mais uma vez, que é melhor que muito marmanjo. E olha que ela assume o posto que foi ocupado anteriormente por Sharon Stone!
Total Recall, 2012. Dir.: Len Wiseman. Roteiro: Kurt Wimmer e Mark Bomback. Elenco: Colin Farrell, Kate Beckinsale, Jessica Biel, Bill Nighy, Bryan Cranston, Bokeem Woodine, John Cho, Michael Therriault, Stephen MacDonald, Lisa Chandler. 118 min. Sony.
Bel Ami - O Sedutor
Ninguém é ingênuo em duvidar que esta nova adaptação do romance homônimo de Guy de Maupassant, Bel Ami, foi viabilizada com outro propósito que não o de ser mais um veículo para Robert Pattinson. No entanto, não é por isso que sua existência merece ser passada em branco, ainda que o trabalho da dupla Declan Donnellan e Nick Ormerod (mais familiazarizados com os palcos que com a câmera) deixe muito a desejar. O filme conta a história de um jovem que ambiciona circular na elite parisiense do século XIX e para isso seduz algumas das principais esposas de homens influentes na época. Dito isto, há uma única razão para os alicerces de Bel Ami conseguirem se sustentar aos trancos e barrancos: o excelente elenco feminino que a produção traz. Começando por Uma Thurman, cada vez mais rara no cinema, interpretando uma personagem fascinante que prioriza a racionalidade e que mantém-se nas rodas sociais graças ao seu inegável traquejo político. Bel Ami ainda traz Kristin Scott Thomas, sempre formidável, aqui como uma mulher ingênua e reprimida que cai nas graças do protagonista e perde por completo o controle da situação, e Christina Ricci, como a terceira amante do protagonista, aquela com quem ele tem um relacionamento mais sincero. Infelizmente nem o talento das três consegue fazer de Bel Ami um filme coerente e tão sedutor quanto seu protagonista (ao menos é isso que é dito o tempo inteiro e que o próprio subtítulo do filme no Brasil sugestiona). O roteiro atropela situações e faz a ascensão de Georges Duroy, personagem de Pattinson, ser rápida demais, era preciso mais tempo para o espectador dimensionar a situação e conseguir compreender melhor as motivações do protagonista. Para piorar ainda mais o soneto, Pattinson não consegue explorar nem um terço da complexidade que o personagem exige, tornando Duroy uma figura indefinida diante de mulheres tão interessantes.
Bel Ami, 2012. Dir.: Declan Donnellan e Nick Ormerod. Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Kristin Scott Thomas, Christina Ricci, Colm Meaney, Natalia Tena, Philip Glenister, Holliday Grainger, James Lance, Anthony Higgins, Christopher Fulford. 102 min. Califórnia Filmes.
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