Até a Eternidade
Aqui, o título de Les Petit Mouchoirs acabou sendo Até a Eternidade. Esse mais novo tropeço na escolha de títulos brasileiros para filmes internacionais acaba se tornando uma piada involuntária, já que o "calcanhar de Aquiles" desse filme de Guillaume Canet, um grande sucesso entre os espectadores franceses, é justamente sua duração, quase três horas de filme para contar uma história simples que privilegia o cotidiano de um grupo de grandes amigos reunidos em férias no litoral da França após um episódio trágico envolvendo um deles. O filme é beneficiado pelo elenco entrosado e pelas performances interessantes de François Cluzet, o impaciente Max Cantara, que na verdade esconde suas inquietações a respeito de sua sexualidade, e Marion Cotillard, linda (como sempre) e absolutamente cativante como Marie. No fundo, esta despretensiosa carta de amor à amizade de Canet tem mais boas intenções que êxitos artísticos, contudo há que se elogiar o enlace sensível da história e o comprometimento de seus atores com ela e com o coletivo, algo muito raro no cinema de qualquer nacionalidade.
Les petit mouchoirs, 2010. Dir.: Guillaume Canet. Roteiro: Guillaume Canet. Elenco: Marion Cotillard, François Cluzet, Jean Dujardin, Benoit Magimel, Gilles Lellouche, Laurent Lafitte, Valérie Bonneton, Pascale Arbillot, Joel Dupuch, Anne Marivin. 154 min. Califórnia Filmes.
Coriolano
Coriolano é uma adaptação da tragédia homônima de autoria de William Shakespeare. Estreia na direção do ator inglês Ralph Fiennes, trata-se da história de um general romano que passa a flertar com a política após vencer uma batalha contra rebeldes. Vítima de uma trama conspiratória no senado, Coriolano acaba expondo mais do que deveria sua agressividade e desagrada o povo romano, sendo expulso de sua própria terra. Algum tempo depois ele retorna com o objetivo de destruir Roma e todos os cidadãos que tanto o detestam. Ralph Fiennes fez um trabalho semelhante ao do australiano Baz Luhrmann em Romeu + Julieta, trouxe uma ambientação contemporânea mas preservou o texto clássico do autor. Assim, Coriolano segue inúmeras vezes um pouco prolixo, já que assume um caráter teatral, o que é um pouco prejudicial para a própria obra, afinal estamos falando de uma outra linguagem, o cinema. Contudo, como clássicos são sempre clássicos e os responsáveis pelo filme foram pontuais em suas adaptações, transpondo para a nossa realidade os elementos da Roma antiga, o filme é, na maioria das vezes, uma experiência gratificante. Especialmente quando estão em cena Ralph Fiennes, excelente como o Coriolano, e Vanessa Redgrave, irretocável como sua mãe.
Coriolanus, 2011. Dir.: Ralph Fiennes. Roteiro: John Logan. Elenco: Ralph Fiennes, Gerard Butler, Vanessa Redgrave, Jessica Chastain, Brian Cox, John Kani, Lubna Azabal, Ashraf Barhom, Slavko Stimac, Dragan Micanovic, James Nesbitt. 123 min. Califórnia Filmes.
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