Brad Pitt posa para os fotógrafos na chegada ao festival. |
Crimes e pôquer, este é, em poucas palavras, o mote de Killing them Softly, novo filme do diretor australiano Andrew Dominik, de O Assassinato de Jesse James e Chopper. Mais uma vez no Festival de Cannes, e mais uma vez sob a batuta do cineasta, estava Brad Pitt, um dos atores que tem se tornado figurinha tarimbada na Riviera. Só que, desta vez, para a tristeza dos fuxiqueiros e celebrityholics, sem a sra. Pitt do lado no tapete vermelho.
Ao lado do ator estavam as pessoas que tinham que estar, o diretor e os atores Ray Liotta, Ben Mendelsohn e Scott McNairy. E a conversa na sala de conferência foi mais do que proveitosa.
Brad Pitt na coletiva de Killing them Softly |
Um dos temas levantados por Killing them Softly, que tem uma estrutura narrativa que flerta com as tramas criminais norte-americanas, é o processo cíclico das crises do capitalismo. "Achei os personagens do livro de George V. Higgin, Cogan’s Trade, formidáveis. É um livro que retrata a criminalidade. Quando comecei a adaptá-lo, percebi que contava também a história de uma crise econômica, a do capitalismo. É uma história eterna", disse o diretor que também assina o roteiro, adaptado do livro de Higgin.
Ainda sobre a violência do filme, um tema recorrente em sua quantitativamente modesta filmografia, Dominik disse: "Gosto da violência nos filmes. Como mostrar os dramas de outra forma que não através da violência? Os contos de Grimm são violentos, mas dirigem uma mensagem às crianças. É isso que faço em Killing them Softly. No filme, todas as personagens sabem a que ponto matar pode trazer um sentimento de culpa. Então tentam tornar a violência indolor. Desejam que ela seja o menos cruel possível para as respectivas vítimas.".
Brad Pitt também teve a palavra, como sempre acontece - nunca me esqueço do constrangimento no ano passado que parte dos jornalistas fizeram Jessica Chastain passar na coletiva de A Árvore da Vida, ignorando a moça por simplesmente não fazer ainda parte do star system de seu colega. "Interpretamos personagens que têm opiniões divididas num país dividido. Os pontos de vista abordados no filme não são necessariamente os meus. Interpretar um assassino preocupa-me menos do que interpretar uma personagem racista. Jackie Cogan procura matar delicadamente, para que não seja demasiado doloroso para a vítima que tem de morrer de qualquer forma."
Da esquerda para a direita, Ben Mendelsohn, Ray Liotta, Brad Pitt e Scott McNairy. |
O filme deixou a plateia sem ar especialmente pelo nível de violência exposto pelo cineasta, o que fez com que Lawless, de Jill Hilcoat, exibido no sábado, parecesse suave em sua abordagem. E, deixou-se claro na Riviera, que a violência de Dominik em Killing them Softly está muito mais para a veia pop de Quentin Tarantino que o grau de urgência dos filmes de Martin Scorsese, por exemplo.
Ainda que tenha decepcionado muitos com seu desfecho considerado um tanto literal e conservador - o que contrastou com a abordagem anárquica mantida durante o filme -, as críticas foram muito elogiosas. Veja o que se falou do longa no festival:
"Em Killing them Softly, primeiro filme de Andrew Dominik depois de O Assassinato de Jesse James, Pitt interpreta mais uma vez um sociopata, e mais uma vez a tela vibra com isso.", Owen Gleiberman, Entertainment Weekly
"Um delicioso, sangrento e profano drama criminal que satisfaz como filme do gênero.", Todd McCarthy, The Hollywood Reporter
"Diálogos cínicos e os esforços de Brad Pitt como um assassino sociopata tornam o filme interessante.", Emanuel Levy, EmanuelLevy.com
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